A avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo mercado financeiro apresentou uma leve melhora, mas continua predominantemente negativa. Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (19), 88% dos entrevistados consideram o governo ruim ou péssimo. No levantamento anterior, realizado em dezembro de 2024, esse percentual era de 90%.
O estudo foi conduzido entre 12 e 17 de março, com 106 entrevistas feitas junto a gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão de fundos de investimentos em São Paulo e no Rio de Janeiro. A avaliação positiva do governo passou de 3% para 4%, enquanto a percepção de que a administração é regular cresceu de 7% para 8%.
Principais Fatores de Insatisfação
Entre os principais fatores que afetam a popularidade do presidente, a pesquisa aponta que 64% dos entrevistados acreditam que a alta dos preços dos alimentos é a maior preocupação da população. Outros 56% destacam os equívocos na política econômica, e 41% apontam o aumento de impostos como um fator determinante para a queda na popularidade do governo.
A preocupação com a taxa de juros também aumentou entre os entrevistados. Em dezembro, 70% apontavam esse como um fator de risco para o governo, percentual que agora subiu para 80%. A alta do dólar também é vista com preocupação por 76% dos entrevistados, um aumento em relação aos 58% registrados na pesquisa anterior.
Eleições de 2026 e a Situação Política
Sobre a próxima eleição presidencial, 60% dos entrevistados acreditam que Lula será candidato à reeleição, ante 70% na pesquisa de dezembro. Entretanto, 66% avaliam que ele não será o favorito para vencer em 2026.
Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, é apontado por 93% dos entrevistados como o nome com maior chance de derrotar a esquerda no pleito. Em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro, 68% dos entrevistados acreditam que ele será preso, um aumento significativo em relação aos 55% que tinham essa opinião em dezembro.
Nomeação de Gleisi Hoffmann e Reforma Ministerial
A escolha de Gleisi Hoffmann para comandar o Ministério das Relações Institucionais foi criticada por 90% dos entrevistados, que consideram a decisão um erro. Apenas 5% avaliaram a nomeação como um acerto.
Além disso, 98% dos entrevistados afirmaram que a reforma ministerial promovida por Lula não resolverá os problemas de governabilidade. Para 89%, essa medida teve o objetivo de proteger a base do governo, e apenas 10% enxergam uma tentativa real de ampliação do apoio no Congresso.
A pesquisa também indica que 58% dos entrevistados consideram baixa a capacidade do governo de aprovar medidas no Congresso, contra 39% em dezembro.
Impacto do Governo Trump na Economia Brasileira
O levantamento também sondou a opinião do mercado financeiro sobre o impacto de um segundo governo Donald Trump na economia brasileira. Para 66%, a gestão do republicano será negativa para o Brasil, enquanto 20% acreditam que não haverá impacto significativo e 9% avaliam que Trump pode trazer efeitos positivos.
Em relação à política econômica dos Estados Unidos, 39% dos entrevistados acreditam que o Federal Reserve poderá cortar juros no próximo semestre. Já 61% avaliam que não há risco de recessão na economia norte-americana no curto prazo.
Conclusão
Apesar de uma ligeira melhora na avaliação do governo Lula pelo mercado financeiro, o cenário segue desafiador. A alta de preços dos alimentos, os equívocos na política econômica e o aumento de impostos são os principais fatores apontados como causas da insatisfação. A nomeação de Gleisi Hoffmann e a reforma ministerial também foram mal recebidas.
Com o mercado projetando dificuldades para a governabilidade e uma reeleição incerta para Lula, o governo precisará trabalhar para reverter esse cenário e recuperar a confiança dos investidores.
DA REDAÇÃO