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“A educação está doente hoje em
dia”, avalia a professora Maria Zélia Barros, 50, com mais de duas décadas na
rede pública. Ela foi surpreendida com agressões verbais da mãe de um aluno,
exaltada durante reunião de pais, na sexta-feira passada. Outros responsáveis
pelos estudantes da turma temem pelo desenrolar do problema: além das ameaças
de agressão, a servidora pode ser trocada de escola e deixar a turma do 2º ano
do Ensino Fundamental.
Vários pais reclamam da situação.
Eles pedem uma decisão da direção da Escola Classe 43 de Ceilândia, ou da
regional de ensino, que não prejudique a continuidade das aulas.
A dona de casa Shirlei da Silva,
38, é uma das mães que presenciaram o tumulto. Na sexta pela manhã, todos
estavam no pátio da escola devido à reunião. Shirlei diz que a mãe chegou
reclamando e, em determinado momento, pediu para falar com Maria Zélia. “Todo
mundo se dispersou devido ao barulho. Ela ameaçou, falou que ia pegar a
professora”, lembra.
A
mulher elogia o trabalho de Zélia porque grande parte dos alunos apresenta bons
resultados, como ler e escrever, apesar da pouca idade.
Maria
Zélia se comove ao lembrar-se da situação, então inédita em sua carreira.
Perguntada sobre o que sentiu, ela olha para lado e diz que não tem as palavras
certas para se expressar.
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Enquanto
era insultada com palavras de baixo calão – a mais branda teria sido
“vagabunda” –, ela diz que preferiu se manter calada para não apanhar. A mulher
reclamava que Maria estava perseguindo o filho dela e que não concordava com as
cobranças para que ele fizesse os deveres passados na sala ou para casa.
“Infelizmente,
os professores sofrem ameaça de todos os tipos, inclusive de morte, muitas
vezes por pais ou pelos alunos”, denuncia o diretor do Sindicato dos
Professores (Sinpro), Samuel Fernandes. Ele cobra do governo que haja mais
segurança no espaço escolar para amenizar a falta de equipes de apoio
especializadas.
Fernandes
relata que, devido a esses problemas, muitos professores pedem afastamento. A
professora Maria Zélia garante que, se depender dela, não vai se afastar. E diz
que apenas queria que os familiares participassem mais da vida dos estudantes.
O
aeroportuário Ednaldo Sales, 47 anos, teme que haja demora na substituição,
caso ocorra de fato à mudança da professora. Ednaldo conhece a educadora de
longa data, pois, além de ela lecionar para o filho mais novo dele, Artur, de
sete anos, também já deu aulas para a filha mais velha. Artur, inclusive, diz
que “quer continuar com a tia Zélia”.
Por meio
de nota, a Secretaria de Educação confirmou a discussão ocorrida. A direção da
escola fez uma reunião e acatou pedido da mãe do aluno para transferi-lo de
turma – medida que será tomada no momento em que surgir uma vaga no turno da
tarde.
“Cabe
ressaltar que as aulas ocorrem normalmente nesta terça e que a escola não tem
histórico de situações semelhantes”, diz. Em relação ao policiamento, a pasta
mantém parceria com o Batalhão Escolar, da PMDF, que diariamente faz rondas nos
perímetros escolares.
(J.Br/redação JAL)