Kriptacoin: investidores correm o risco de não serem ressarcidos

O grupo acusado de montar um esquema para faturar com a venda de moedas
virtuais fez vítimas até em Pernambuco. Os envolvidos são alvo da Operação
Patrick, deflagrada nesta quinta-feira (21/9) pela Coordenação de Repressão aos
Crimes contra o Consumidor e Fraudes (Corf), em conjunto com a Promotoria
de Justiça de Defesa dos Direitos do Consumidor (Prodecon), do Ministério
Público do DF e Territórios (MPDFT).

Muitas delas não
conseguirão reaver o prejuízo. Como o esquema de pirâmide já estava
ruindo, porque novos “investidores” não mais entravam, os saques foram
bloqueados. No início, as pessoas que aplicavam no Kriptacoin conseguiam
resgatar até R$ 600 por dia. Depois, os responsáveis colocavam a meta de saques
apenas uma vez por semana. Quando questionados, os empresários falavam que o
sistema tinha sido bloqueado devido a ataque de hackers.

O promotor Paulo Binickeski disse que existe a suspeita de que a
própria organização criminosa
tenha feito denúncias anônimas no MPDFT para tentar descobrir se havia
alguma investigação em curso. Ao todo, a Justiça expediu 13 mandados de prisão
preventiva. Destes, 11 foram cumpridos nesta quinta.

Os investigadores apreenderam muitos bens, entre eles, oito carros de
luxo, que poderão ressarcir as vítimas. “As pessoas que conseguiram enriquecer
ilicitamente por meio do golpe terão que devolver o dinheiro. Temos provas
cabais contra todos os envolvidos”, disse o promotor, em coletiva à imprensa.

De acordo com
Binickeski, as vítimas devem procurar as delegacias de polícia da região em que
moram e apresentar os documentos que provam o investimento.

Já o delegado-chefe da Corf, Wisllei Salomão, ressaltou que o grupo
apostava na propaganda para conseguir mais investidores. “Usavam nomes de
artistas famosos (como o cantor Eduardo Costa
e o jogador Neymar
) para tentar ludibriar as pessoas. Soubemos de
pessoas que chegaram a vender casas e carros na esperança de fazer dinheiro com
essa moeda. Quando tinham algum problema, os dirigentes faziam ameaças”,
destacou. “É importante ressaltar que as investigações continuam”, completou.

Sócios e diretores da empresa Wall Street Corporate, criadora da moeda digital
Kriptacoin, são alvo da operação. Os crimes investigados são: lavagem de
dinheiro, organização criminosa, falsificação de documentos e pirâmide
financeira. Segundo as investigações, o grupo movimentou R$ 250 milhões.

Cerca de 40 mil pessoas teriam investido na moeda e podem ter sido
lesadas. O negócio, que funciona em esquema de pirâmide, visa apenas a
encher o bolso dos investigados, alguns deles com diversas passagens pela
polícia por uma série de crimes. Entre eles, estelionato.

Durante a operação, os investigadores acharam até um cofre em uma
academia de Vicente Pires, com cerca de R$ 2 milhões. O estabelecimento é de
propriedade de Marcos Kazu Viana Oliveira, um dos presos nesta quinta.

Dois dos principais alvos da operação são os irmãos Welbert Richard Viana Marinho,
37 anos, e Weverton Viana Marinho, 34. Com o mais velho, os
investigadores encontraram R$ 33 mil e passaportes.

Os irmãos não têm os nomes publicados no site da empresa e não constam
como sócios nos dados da Receita Federal, mas se apresentam como presidentes do
grupo. O empresário Fernando Ewerton, 30 anos, herdeiro de uma concessionária
de Brasília, que atua como diretor, também foi preso e chorou perante
os policiais. Contou que investiu cerca de R$ 1 milhão para abrir a
empresa.

Confira os nomes dos presos:

Marcos Kazú Viana Oliveira

Os irmãos Weverton e e Welbert Marinho

Fernando Ewerton

Wellington Junior

Hildegard Melo

Franklin Delano

Thaynara Carvalho

Urandy Oliveira

Sérgio Vieira de Souza

Alessandro Bento (um dos administradores da empresa)

(Metrópoles/Fotos: Rafaela Felicciano/redação JAL)

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