Estelionatários presos pela PCDF tinham vida de ostentação

Welbert Richard, 37 anos, e Weverton Marinho, 34, os irmãos presos nesta
quinta-feira (21/9), na operação da Coordenação de
Repressão aos Crimes contra o Consumidor e Fraudes (Corf), deflagrada em
parceria com a Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Consumidor
(Prodecon), viviam rodeados por carros importados, roupas de marcas famosas e
joias caras. A boa apresentação fazia parte do papel de homens bem-sucedidos. O
objetivo era impressionar e chamar atenção para o que os “financiadores”
poderiam conseguir se investissem na moeda digital Kriptacoin.

No
último sábado (16), por exemplo, o grupo reuniu milhares de pessoas na segunda
edição da Kripta Music Festival, evento de música eletrônica que também foi
idealizado para promover a marca. A festa, realizada no Estádio Nacional Mané
Garrincha, reuniu DJs famosos e, claro, o alto escalão da empresa.

Apaixonados
por carros importados, os irmãos também promovem encontros de automóveis no
Lago Sul. O próximo estava marcado para este domingo (24/9).

Audi
R8, Porsche Panamera, Ferrari 458 Italia e até mesmo um jatinho particular
e um helicóptero fazem parte do arsenal montado pelo grupo. Parte dos carros
fica em Goiânia, onde os encontros com os diretores da empresa são realizados.

Entretanto, os veículos estão em nomes de
terceiros e de concessionárias. Os débitos de uma das Ferraris, por
exemplo, chegam a R$ 30 mil.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o executivo Hildegarde
Melo, que atuava como motorista de um aplicativo antes de entrar no negócio,
mostra uma Ferrari do presidente Weverton. Hildegard também foi alvo da
operação e acabou preso. Em outra gravação, Richard conta orgulhoso que
adquiriu um Porsche.

As primeiras atividades que apontam estelionato por parte dos irmãos começaram
em 2005. Cheques com o nome de Welbert Richard chegaram a ser repassados a uma
loja. A compra era de R$ 22 mil. O valor foi dividido em cinco cheques.

Ao consultar o
banco, no entanto, a vendedora foi informada de que cerca de

100 cheques que
estavam em nome do Welbert haviam sido devolvidos. No mesmo ano, Welbert
Richard foi detido por um policial rodoviário ao apresentar habilitação falsa
em uma blitz.

Em março de 2011, os irmãos Marinho foram presos por estelionato na
Operação Fake, conduzida pela Delegacia de Defraudações e Falsificações (DEF).
À época, segundo a polícia, eles atuavam abrindo e movimentando contas
bancárias de forma ilícita. Os cadastros eram feitos em nome de empresas
falsas. Os suspeitos também falsificavam documentos e cartões. Além de serem
autuados por formação de quadrilha, os irmãos respondem por porte de drogas e
de munição de uso restrito.

Além desses casos, Welbert Richard coleciona
denúncias de posse de drogas, furto de internet, Maria da Penha, calúnia e
ameaça. Funcionários de um antigo restaurante dos irmãos — o Marinhos, que
era localizado no Setor Comercial do Gama — fizeram uma denúncia ao serem
ameaçados pelos dois por cobrarem os direitos trabalhistas após a falência do
estabelecimento. Weverton Marinho também responde por apropriação indébita em
outra ocorrência.

Em 2013, Welbert
Richard voltou a ser preso após outra ação da Polícia Civil. Os agentes
cumpriram mandados de busca e apreensão na academia Premium, em Vicente Pires.
No local, foram apreendidos diversos documentos falsos como carteiras de
habilitação, cheques, máquinas de cartão, uma plastificadora e munições.

Os documentos apresentavam o nome de Allan Batista Ribeiro, mas
continham as fotos de Welbert Richard. Marcos Kazú Viana Oliveira, primo
do acusado, é dono da academia e na ocasião relatou aos policiais que os
materiais pertenciam a Richard. Em depoimento à Justiça, Marcos Kazú
alegou que o primo era coordenador da academia e recebia um salário de R$ 2,8
mil. Também disse que ele cantava em uma igreja.

Durante o julgamento, Richard alegou que “toda a documentação encontrada
era lixo que deveria ter sido jogado fora”. Reconheceu que teve um
problema na Justiça em 2011, quando foi preso e condenado por falsificação de
documentos públicos. Ele alegou, ainda, que no processo em que foi condenado
foi apreendida grande parte dos bens, mas na época a polícia “não pegou tudo”.
“Esses objetos estavam separados por ser lixo”, defendeu-se. Ele acabou
condenado por falsificação de documento público.

O grupo também contava com a ajuda do policial civil aposentado e
morador de Vicente Pires David Braga. De acordo com as investigações, ele
atuava como uma espécie de advogado da Kriptacoin. Monitorava as ocorrências
contra a empresa que eram registradas na polícia e entrava em contato com as
vítimas. Em breves negociações, tentava fazer com que a denúncia fosse retirada.

Outro braço do esquema, segundo as investigações, era Fernando Ewerton
Cezar da Silva, 30 anos, herdeiro de uma grande concessionária de veículos do
Distrito Federal e figurinha carimbada nas noites da capital.

Ele se apresentava como correspondente da Kriptacoin. Fernando também
tem histórico na polícia. As passagens são de lesão corporal, infrações no
trânsito, acidente com vítima, danos a bem particular e injúria. O último
acidente ocorreu em maio deste ano
.

O jovem estava com a namorada em uma Ferrari vermelha no Lago Sul. O
carro de luxo ficou completamente destruído depois de bater em outro veículo
onde estavam mãe e filha de um ano e sete meses. Testemunhas contaram à Polícia
Militar que o motorista da Ferrari estava em alta velocidade. O velocímetro do
automóvel estaria marcando 120km/h. Ele negou.

De acordo com informações da Polícia Militar, Fernando se recusou a
fazer o teste do bafômetro e foi conduzido para 1ª Delegacia de Polícia. A
reportagem apurou que a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de Fernando está
suspensa devido a infrações cometidas em 2010, 2011 e 2012. Todas por
alcoolemia ao volante. Por lei, só poderia dirigir após regularizar a situação
junto o Departamento de trânsito do Distrito Federal (Detran).

Em 2007, Fernando e o irmão Felipe foram acusados de espancar, usando
uma barra de ferro, um casal de turistas que estava em uma festa no Lago Sul. O
caso também foi parar na polícia.

(Metrópoles/Rafaela Felicciano /redação JAL)

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