O general da reserva Walter Braga Netto,
do Leste, onde golpistas acamparam em recusa ao resultado da eleição
Ex-vice de Bolsonaro na chapa de 2022 é investigado por envolvimento em trama golpista
Polícia do Exército isola Comando Militar do Leste (CML)
Polícia do Exército isola Comando Militar do Leste (CML) — Foto: Felipe Grinberg
RESUMO
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O general da reserva Walter Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, foi preso pela Polícia Federal na manhã deste sábado. Ele será levado para o Comando Militar do Leste, no Centro do Rio de Janeiro, local onde manifestantes antidemocráticos acamparam em 2022, em recusa ao resultado da eleição vencida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Braga Netto foi indiciado no inquérito que apura uma trama golpista. A PF realiza buscas na casa dele.
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Ele foi preso em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Em seguida, será encaminhado ao Comando Militar do Leste, onde ficará sob custódia do Exército. O Palácio Duque de Caxias, sede da base militar, fica na Avenida Presidente Vargas, no centro da cidade, ao lado do terminal férreo Central do Brasil.
Os apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro iniciaram acampamento no Comando Militar do em defesa ainda de medidas como golpe de Estado e fechamento do Congresso, o que vai contra a Constituição.
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Em nota, a PF diz que “mandados judiciais expedidos pelo Supremo Tribunal Federal em face de investigados no inquérito que apurou a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do governo legitimamente eleito em 2022” e que “estão sendo cumpridos um mandado de prisão preventiva, dois mandados de busca e apreensão e uma cautelar diversa da prisão contra indivíduos que estariam atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal”.
Braga Netto nega as acusações e tem afirmado que “nunca se tratou de golpe e muito menos de plano de assassinar alguém” e que “sempre primou pela correção ética e moral na busca de soluções legais e constitucionais”.
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Na conclusão da investigação do inquérito do golpe, a Polícia Federal afirma que o ex-ministro Walter Braga Netto tentou conseguir “informações sobre o acordo de colaboração” do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com a PF, essa tentativa ocorreu por meio dos pais de Mauro Cid.
“Outros elementos de prova demonstram que Braga Netto buscou, por meio dos genitores de Mauro Cid, informações sobre o acordo de colaboração”, diz o relatório final da investigação, que indiciou Bolsonaro, Braga Netto e outras 35 pessoas.
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Em uma troca de mensagens, o general Mario Fernandes, que também foi indiciado, afirma que os pais de Mauro Cid teriam ligado para Braga Netto e o também ex-ministro Augusto Heleno e dito, sobre a delação, que “é tudo mentira”.
“Sobre a suposta delação premiada do CID, a Mãe e o Pai dele (CID) ligaram para o GBN e para o GH informando que é tudo mentira!!!”, escreveu Fernandes para o coronel reformado Jorge Luiz Kormann.
A mensagem foi enviada no dia 12 de setembro, três dias após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologar a delação de Cid.
Além disso, a PF aponta que uma operação de busca e apreensão na sede do PL encontrou um documento que seria uma espécie de “perguntas e respostas” sobre a delação de Cid. O documento estava na mesa do coronel Flávio Peregrino, assessor de Braga Netto — que, na época, ocupava um cargo no partido.
“O conteúdo indica se tratar de respostas dadas por Mauro Cid a questionamentos feitos por alguém, possivelmente relacionado ao general Braga Netto, que aparenta preocupação sobre temas identificados pela Polícia Federal relacionados à tentativa de golpe de Estado, evidenciando que o grupo criminoso praticou atos concretos para ter acesso ao conteúdo do Acordo de colaboração firmado por Mauro Cesar Cid com a Polícia Federal”, diz o relatório.
Em uma das perguntadas, por exemplo, foi questionado sobre “O que foi delatado” em relação ao “teor das reuniões”. A resposta, em primeira pessoa, diz que “nada”, porque “não entrava nas reuniões”.
“O contexto do documento é grave e revela que, possivelmente, foram feitas perguntas a Mauro Cid sobre o conteúdo do acordo de colaboração realizado por este em sede policial, as quais foram respondidas pelo próprio, em vermelho”, afirma a PF.
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