Morreu no último sábado (8), aos 78 anos, o jornalista britânico Andrew Jennings.
De acordo com a informação publicada em sua conta nas redes sociais nesta segunda (10), ele não resistiu a uma “doença breve e repentina”. Conhecido pelo trabalho de jornalismo investigativo que revelou escândalos até então bem escondidos pelas grandes entidades esportivas, Jennings já era um experiente repórter da BBC quando iniciou sua trajetória nessa seara, com investigações sobre o COI (Comitê Olímpico Internacional) no começo dos anos 1990.
Depois, passaria a se voltar para os desmandos na Fifa, autoridade máxima do futebol mundial.
Ele publicou livros como “The Lords of the Rings, Power, Money & Drugs in the Modern Olympics” (1992, sem tradução no Brasil) e “Jogo Sujo – o Mundo Secreto da Fifa” (2011).
O seu trabalho foi um dos pilares para as investigações contra a Fifa nos últimos anos, como o chamado Fifagate. Foram protagonistas de suas denúncias cartolas brasileiros como João Havelange e Ricardo Teixeira. No Brasil, Jennings foi ouvido pela CPI do Futebol, no Senado Federal.
As ações da polícia da Suíça e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos contra a corrupção no futebol eram assunto que animavam o jornalista britânico. Após a primeira prisão dos cartolas da Fifa, em 2015, Jennings afirmou que, mesmo que eles não ficassem muito tempo presos, o episódio era uma oportunidade para “limpar” o mundo da bola de seus problemas mais sujos.
“Eles [os procuradores dos Estados Unidos] têm todos os documentos. Estão olhando o contrato da Nike [com a CBF]. São tempos excitantes. Há uma chance de construir o futebol brasileiro a partir da raiz. Agora é tempo de o governo brasileiro chegar e dizer que vai organizar o futebol. Vocês [brasileiros] votaram neste governo. Se acontecer uma limpeza na CBF, o Brasil estará dando uma contribuição legítima para o futebol mundial”, disse ao jornal Folha de S.Paulo na época.
Além dos livros, o jornalista produziu episódios da série de documentários da BBC britânica chamado Panorama. Dois se destacam. Sua estreia no quadro ocorreu ainda em 2006, com denúncias de propina dentro da Fifa.
Depois, em 2010, foi ao ar uma edição que revelava que diretores da Fifa tinham aceitado receber propina para votar na Rússia para sede da Copa do Mundo de 2018 –e entre os nomes citados por Jennings, estava o do brasileiro Ricardo Teixeira, então presidente da CBF.
Folha Press