Em delação Funaro aponta compra de Porsche para Eduardo Cunha

A
Polícia Federal identificou, entre planilhas do operador Lúcio Funaro, notas
fiscais relativas a pagamentos de supostas propinas que o delator teria operado
em nome do dono da Gol, Henrique Constantino. O empresário, que tenta acordo de
colaboração, é citado em diversos trechos dos anexos de Funaro como pagador de
vantagens indevidas a peemedebistas em troca de edições de Medidas Provisórias.
Entre os itens identificados nos documentos de Funaro pela PF e confirmados por
ele, está a compra de um Porsche Cayenne, pelo executivo da empresa aérea, para
o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Acionista
da Gol Linhas Aéreas, Constantino afirmou à Lava Jato ter feito pagamentos para
Cunha (PMDB-RJ) e ao corretor Lúcio Funaro, em troca de apoio na liberação de
valores do fundo de investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS).

Ele
tenta acordo de colaboração com os investigadores de Curitiba e Brasília desde
que passou a ser citado nas Operações Sépsis e Cui Bono? Que investigam desvios
na Caixa Econômica Federal. A Gol já assinou acordo de leniência que prevê
multa de R$ 12 milhões.

No âmbito do relatório que concluiu pela
existência de um “Quadrilhão do PMDB” na Câmara dos Deputados e embasou a
última flechada do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot contra o
presidente Michel Temer, a Polícia Federal destacou uma suposta atuação pelos
peemedebistas em benefício do ‘Grupo Constantino’ no âmbito de edições de
medidas provisórias e da liberação de empréstimos pela Caixa Econômica Federal.

“Desse modo, fica
demonstrada que a empresa BRVIAS, pertencente ao Grupo Constantino, também alvo
da “Operação Sépsis”, a qual foi comentada no tópico anterior, beneficiava-se
da sistemática ilícita para obtenção de recursos junto à Caixa Econômica
Federal, contando com a participação ativa de Geddel Quadros Vieira Lima,
quando este era Vice-Presidente de Pessoa Juridica da CEF, bem como do
ex-Deputado Federa Eduardo Cunha”, afirma a PF.

Já no âmbito de
influência no Legislativo, a Polícia Federal identificou, por meio de quebra de
sigilo telefônico, análise de planilhas apreendidas e na delação premiada de
Lúcio Funaro, a suposta compra de Medidas Provisórias em benefício das empresas
de Constantino. Uma delas é a MP 563/2012, posteriormente convertida em lei,
que desonerou a folha do setor de transporte rodoviário municipal e
intermunicipal. A outra é a MP n° 652/2014, que flexibilizaria a participação
de capital estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras.

O suposto lobby na
Câmara Federal em prol de leis que beneficiavam a Gol e outras empresas de
Henrique Constantino teria sido feito com ajuda de Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
segundo entende a Polícia Federal. Em delação premiada, Lúcio Funaro auxiliou a
corporação a decifrar pagamentos e mensagens relativas à compra de Medidas
Provisórias.

Em um diálogo entre
Constantino e Cunha, em 2013, o empresário lamenta: “Infelizmente os ‘vermelhos
e os azuis’ não vão ajudar”, “Que era realmente importante e que ele só poderia
‘apresentar a sua parte’. Segundo a Polícia Federal, ‘planilhas controlavam o
movimento financeiro diário de Lucio Bolonha Funaro, verifica-se que as
propinas foram pagas por Henrique Constantino’ por meio de cinco formas de repasses.

São elas ‘pagamentos de
Notas Fiscais emitidas por empresas de Lúcio Funaro’, ‘pagamentos realizados a
terceiros, à ordem de Lúcio Funaro’, ‘pagamentos realizados diariamente às
empresas do deputado Eduardo Cunha’, ‘pagamentos de Notas Fiscais de empresas de
Lúcio Funaro para compra de um veículo Porsche Cayenne a Eduardo Cunha, com a
troca de dinheiro vivo’ e ‘pagamentos de doações ao PMDB, em especial a Gabriel
Chalita’.

Em depoimento, o dono da
Gol chegou a admitir que fez pagamentos à campanha de Gabriel Chalita,
ex-secretário de Educação dos governos Alckmin e Haddad.

A versão foi corroborada
pela delação de Lúcio Funaro, que ainda cita uma suposta interferência do
presidente Michel Temer em torno do pedido a Constantino para que doasse ao
então candidato à Prefeitura de São Paulo, em 2012.

“Lúcio Funaro controlava
o recebimento de recursos financeiros advindos de Henrique Constantino por meio
de uma planilha específica denominada Henr Const.xls. Essas transações foram
detalhadas no âmbito do Relatório de Análise de Polícia Judiciária Nº 110/2017
– GINQ/DICOR/PF, de modo que deixaremos de reapresenta-las aqui neste”, anota a
PF.

(Metrópoles/Foto
ilustração/redação JAL)

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