O Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) “mentiu” ao dizer, em nota, que prestou assistência à família de Neuza Cândida, de 75 anos, que teria sido assassinada dentro da unidade na noite desta quinta-feira (7). É o que afirma a sobrinha da vítima, Fernanda Correa de Oliveira, em entrevista ao Mais Goiás. Segundo a Fernanda, a família apenas foi informada de que Neuza havia morrido, mas nem mesmo sabiam informar qual havia sido a causa. Depois disso, segundo Fernanda, o hospital não entrou mais em contato. A Polícia Civil prendeu um homem suspeito de asfixiar Neuza até a morte. A idosa respirava via traqueostomia.
“Quando a minha prima, filha dela, chegou ao hospital, nem o pessoal da assistência social sabia qual tinha sido a causa da morte. Acho que tinham acabado de trocar o plantão entre o turno da madrugada e o da manhã. Segundo eles, a morte tinha sido causa natural, mas não foi”, relata a sobrinha.
Fernanda também afirma que o hospital ligou para a filha de Neuza antes da morte da idosa, por volta das 18h10 de quinta-feira (7). Na ligação, uma das assistentes sociais questionou se a filha da mulher conhecia um rapaz chamado Ronaldo. Esse homem teria se apresentado na unidade como parente para acompanhar a idosa.
“A filha dela negou. Não temos nenhum familiar com o nome de Ronaldo. Ela ainda disse ‘não conhecemos, nao temos nenhum familiar com esse nome. Se existe alguém acompanhando a minha mãe com esse nome, nós não conhecemos e nem autorizamos nada.’”, detalhou.
Além de negar conhecer o homem, a filha de Neuza ainda disse ao hospital que, se estivesse acontecendo algum problema, que ela iria até o Hugo para resolver. A administração, no entanto, negou ter havido quaisquer contratempos e pediu para que a filha da idosa não fosse até lá, pois resolveriam tudo. Horas depois, a família foi informada sobre a morte de Neuza.
Hugo disse que estava prestando assistência a família de idosa morta dentro do hospital
A direção do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) divulgou nota em que lamentou o ocorrido e disse que estava prestando assistência à família da vítima. O hospital também prometeu revisar protocolos internos de segurança, a fim de ajudar nas investigações e evitar novos casos. Veja abaixo a nota na íntegra.
“No tocante aos acontecimentos veiculados em mídia relacionados ao último dia 07/04/2022, a Direção do HUGO informa que os fatos encontram-se em investigação pela Polícia Civil e Diretoria do Hospital.
A direção lamenta profundamente o ocorrido e está revisando integralmente os protocolos de segurança para evitar futuros episódios, ao tempo que presta total assistência à família.
Por fim, a Direção do HUGO reforça o seu comprometimento com o atendimento assistencial de excelência e com a máxima humanização.”
O Mais Goiás procurou novamente pelo Hugo para saber se a unidade vai prestar uma nova declaração com relação a assistência à família da vítima. Até o momento, não obteve retorno.
Suspeito diz que tentava limpar a traqueostomia da vítima
O suspeito de matar Neuza se diz inocente e afirma que tentava limpar a traqueostomia da vítima quando ela morreu. Segundo a versão do homem a uma testemunha, ele teria tentado ajudar a mulher, mas acabou tapando o buraco do equipamento, deixando a idosa sem respirar.
Segundo consta no boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar (PM), o suspeito narrou a uma testemunha que, ao entrar no quarto onde a vítima estava internada, ouviu a voz dela pedindo por ajuda. O homem, então, foi limpar a traqueostomia da vítima, que teria mexido a boca como se recusasse a ajuda.
Ele narrou que, mesmo assim, tentou limpar a boca da vítima, mas acabou tapando o buraco da traqueostomia com um dedo. Na versão do suspeito, por conta disso, a idosa parou de respirar e morreu no local.
Polícia Civil vai investigar o caso
Ao Mais Goiás, o delegado Rhaniel Almeida disse que apurações iniciais apontam que o suspeito não possuía autorização para entrar no local em que a idosa estava internada.
Segundo o delegado, neste momento, equipes da corporação estão na ruas para intimar os funcionários do Hugo para prestarem esclarecimentos. Além disso, a corporação também procura por câmeras de segurança que possam ter registrado o ocorrido.
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