O presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou, na manhã desta quinta-feira (9/12), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por ter estipulado a exigência do passaporte da vacina nos aeroportos internacionais de São Paulo e no Porto de Santos a partir de 16 de dezembro.
Ao determinar a exigência, Doria disse que o Brasil “não pode ser paraíso de negacionistas”. “Isso é um direito que nos cabe, apesar de fisicamente ser propriedade do governo federal e ter administração da Infraero, mas o território do estado de São Paulo é de responsabilidade do Governo do estado de São Paulo. O mesmo se aplica aos portos”, afirmou o governador.
O Supremo Tribunal Federal (STF) tem precedentes para negar restrições impostas pelos estados em aeroportos. No ano passado, o governo federal questionou na Corte normas implementadas na Bahia e no Maranhão que criavam barreiras sanitárias nos aeroportos desses estados, e saiu vencedor.
No entanto, o Supremo já afirmou, em diversos julgamentos, que a União, os estados e municípios têm competência para tomar medidas a fim de conter a pandemia de Covid-19, dentro de seus territórios e competências.
Bolsonaro elogiava medida aprovada pela Assembleia Legislativa de Rondônia, que proíbe a exigência do documento, quando criticou o governador paulista:
“Vimos aprovar no dia de ontem, na Assembleia Legislativa de Rondônia, a proibição da exigência do passaporte vacinal. O governador Marcos [Rocha] vai agora decidir se ele vai sancionar ou vetar. Eu tenho certeza que ele vai sancionar. Enquanto outro governador da região Sudeste quer fazer o contrário e ameaça: ‘Ninguém vai entrar no meu estado se não estiver vacinado’. Teu estado é o cacete, porra. E nós todos temos que reagir. E reagir como? Protestando contra isso.”
Bolsonaro é um crítico assíduo da exigência de comprovação da vacinação. Apto a se vacinar, o mandatário do país alega que não irá fazê-lo, sob o argumento de que o fato de já ter sido infectado pelo vírus, no ano passado, garante sua imunização. Especialistas refutam o entendimento do presidente.
No início da semana, Bolsonaro chamou o passaporte da vacina de “coleira” e disse que prefere morrer a perder a sua liberdade.
“Nós vemos uma briga enorme aqui agora sobre passaporte vacinal. Quem é favorável, não se esqueça: amanhã alguém pode impor algo para você que você não seja favorável. E a gente pergunta: quem toma vacina pode contrair o vírus? Pode e contrai. Pode transmitir? Sim e transmite. Pode morrer? Sim, pode, como tem morrido muita gente, infelizmente. A gente pergunta: por que o passaporte vacinal? Por que essa coleira que querem colocar no povo brasileiro? Cadê a nossa liberdade? Eu prefiro morrer do que perder a minha liberdade”, declarou o presidente, sem fazer qualquer menção à comprovada redução de casos e mortes devido à vacinação.
Em outra oportunidade, durante eventos com empresários, Bolsonaro distorceu a recomendação da Anvisa sobre o passaporte da vacina ao dizer que o órgão estava sugerindo “fechar o espaço aéreo” do Brasil – o que não é verdade. A agência reguladora alega que a inexistência de uma política de cobrança dos certificados de vacinação pode fazer com que o Brasil vire um destino para turistas que não tenham se imunizado.
“Estamos trabalhando agora com a Anvisa, que quer fechar o espaço aéreo. De novo, porra? De novo, vai começar esse negócio? ‘Ah, a Ômicron…’. Vai ter um montão de vírus pela frente, um montão de variante pela frente talvez. Peço a Deus que esteja errado”, disparou Bolsonaro.
Metrópoles