A possível nomeação do procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mario Luiz Sarrubbo, como secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça enfrenta resistência de setores progressistas e da esquerda tanto de dentro quanto de fora do governo Lula.
Após a imprensa noticiar que Sarrubbo é o nome preferido do futuro ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para a secretaria da pasta, integrantes do governo federal e lideranças da esquerda passaram a questionar a possível nomeação nos bastidores.
A principal crítica é de que Sarrubbo seria “muito linha dura”, ou seja, teria uma visão muito punitivista. Como chefe do Ministério Público de São Paulo, cargo que ocupa desde 2020, ele fortaleceu o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado.
O Gaeco, como o grupo é chamado, é um braço do MP que mira organizações ligadas ao tráfico de drogas e armas, lavagem de dinheiro e corrupção. No caso de São Paulo, a atuação é voltada sobretudo para o combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Relação com Moraes e PSDB
Integrantes do governo Lula também mencionam o fato de Sarrubbo ser próximo ao ministro do STF Alexandre de Moraes. O magistrado, inclusive, participou da conversa que o procurador teve com Lewandowski na semana passada, quando o futuro ministro sondou o procurador para o cargo.
“Parece que o Xandão (apelido de Moraes) vai mandar na segurança pública”, ironizou à coluna, sob reserva, um influente ministro de Lula ligado à esquerda.
Lideranças de esquerda demonstram ainda, nos bastidores, desconfiança pelo fato de Sarrubo ter sido escolhido como chefe do Ministério Público de São Paulo em 2020 e 2022 por governadores filiados ao PSDB à época; no caso, João Doria e Rodrigo Garcia, respectivamente.
Em ambas as escolhas, Sarrubo figurava na lista tríplice definida por integrantes do MP. Em 2020, ele foi o segundo mais votado, com 657 votos, atrás de Antonio Carlos da Ponte, que teve 1.020 votos. Em 2022, quando foi reconduzido ao cargo, o procurador foi o primeiro colocado, com 1.385 votos.
Sarrubbo é apontado como um procurador que tem boa relação com os tucanos. A relação se estende à família dele. Na eleição de 2020, por exemplo, sua irmã, Mariângela Sarrubbo, doou R$ 500 para a campanha à reeleição do então prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB).
Sarrubo pede ajuda
Ciente das críticas a sua nomeação por parte de setores da esquerda, Sarrubbo passou a procurar aliados de Lula que têm interlocução com o campo progressista. Nas conversas, segundo relatos feitos à coluna, o procurador pediu ajuda para vencer as resistências desse campo.
Metrópoles