O presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou a declaração do deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP) sobre mulheres ucranianas como “asquerosa”.
“É tão asquerosa que nem merece comentário”, disse o presidente à CNN Brasil, ao retornar ao Palácio da Alvorada após visita realizada ao general Villas Bôas.
Ontem, em meio à polêmica com áudios machistas e sexistas, o parlamentar retirou sua pré-candidatura ao governo de São Paulo. O anúncio foi feito por meio das redes sociais. O deputado disse que entrou em contato com a presidente da sigla, Renata Abreu para comunicar a decisão. As falas também causaram repúdio geral tanto por parte da classe política quanto da sociedade.
Do Val assumiu a autoria das falas sobre as mulheres ucranianas após voltar ao Brasil. No áudio em questão, ele diz que as ucranianas “são fáceis” porque “elas são pobres”. “Eu juro pra vocês, eu contei, foram 12 policiais. Deusas! Que você casa, você faz tudo que ela quiser. Eu estou mal, eu não tenho nem palavras pra expressar. Quatro dessas eram minas que assim, se ela cagar, você limpa o c* dela com a língua. Assim que essa guerra passar eu vou voltar para cá”, completou no áudio divulgado a um grupo de amigos. No centro de um caos de guerra no leste europeu, o deputado ainda comparou que a fila de refugiadas têm mais mulheres bonitas do que a fila da “melhor balada do Brasil”.
Ao retornar ao país, no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, o parlamentar comentou ontem as falas: “Foi errado o que eu falei. Não é isso o que eu penso, o que eu falei foi um erro num momento de empolgação e pronto”. Na sequência, o parlamentar afirmou que as pessoas podem julgá-lo, mas pediu “entendimento dentro do contexto”. No entanto, ao se “desculpar”, alegou: “Não sou santo, sou homem, sou jovem”. Mais tarde, o deputado publicou um vídeo nas redes sociais, intitulado de “pedido de desculpas”.
A Representação Central Ucraniana-Brasileira pediu a cassação do mandato do deputado. “O deputado Arthur do Val revelou-se uma pessoa de índole perigosa para o exercício de funções públicas onde sempre há que se tratar com mulheres em situação de vulnerabilidade”, afirmou em um trecho do documento.
O senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, afirmou que quer convocar o deputado para explicar as declarações ‘misóginas e ofensivas’.
“Ou tomamos uma atitude drástica ou essa violência praticada por um parlamentar pode ser encarada como uma agressão do próprio Brasil”, afirmou o parlamentar.
A Procuradoria Especial da Mulher e a Bancada Feminina do Senado também publicaram nota de repúdio. “São repugnantes, asquerosas e uma das maiores indignidades que já vimos. Agridem as mulheres, envergonham o Brasil, enxovalham a política. Pior, foram feitas em um contexto de guerra e dor”.
A nota ainda evidenciou que as falas do deputado foram publicadas no mesmo dia em que o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia denunciou o estupro de mulheres ucranianas por soldados russos. “O mesmo machismo que transforma as mulheres em objetos para os homens do cotidiano, como mostra a fala do deputado brasileiro, converte-se em alvos e troféus durante as guerras”.
CB