Ela se considera a candidata preferida entre eleitores que votam em Bolsonaro e promete fiscalizar a aplicação de verbas destinadas ao DF
A candidata ao Senado Damares Alves (Republicanos), em entrevista à jornalista Ana Maria Campos, ontem, adiantou que, se eleita, vai criar uma central de acompanhamento de execução do dinheiro público destinado ao Distrito Federal. A ex-ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos considera que a insegurança alimentar e a falta de oportunidades de trabalho são questões urgentes na capital do país. “A fome e o desemprego são os problemas mais graves a serem enfrentados no Distrito Federal”, afirmou, no programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília.
O que a senhora ouve nas conversas com eleitores?
O que tem me preocupado muito nessas andanças é ver a fome no DF. Eu fiquei quatro anos afastada no ministério, viajando o Brasil, eu estava um tanto ausente do DF, lá nas comunidades. E estou voltando para conversar com as comunidades, onde estava como pastora. Desde 1998, eu moro aqui. Eu tenho visto muita fome, desemprego, necessidade e isso tem me deixado indignada e só aumenta a minha vontade de encontrar uma solução para o desemprego e a fome no DF.
A quê a senhora atribui este cenário? À pandemia?
A pandemia agravou muito. Eu trabalhava no ministério com pasta da imigração. Nós recebemos, no DF, muitos imigrantes durante a pandemia. Inclusive fiz um trabalho de acolhimento deles junto com o governo local. A população em situação de rua aumentou. E isso tudo está se estendendo às comunidades. A pandemia foi esse fator que gerou muita pobreza. Mas quando você conversa com as famílias, percebe que essa situação vem lá de antes. E isso me deixa preocupada
Faltou gestão do governador Ibaneis Rocha, o seu aliado aqui no DF?
Todos nós que fomos gestores nesse momento de pandemia enfrentamos desafios. A gente teve que se adequar a esse fenômeno. Entendo que ele tem essa fatura da pandemia. Mas isso está acabando. Já dá para mostrar uma nova gestão, eu confio muito no governador Ibaneis. Eu tenho estado com ele nos bastidores. Antes de imaginar ser candidata, ele foi o governador mais parceiro do nosso ministério. Tudo que a gente queria fazer de inovação, de políticas públicas diferentes, eu oferecia para o governador, e ele sempre disse sim. Ele sempre acreditou naquele ministério, no fortalecimento de vínculos familiares.
Aqui no DF, vendo as pesquisas, as duas candidatas que lideram as intenções de voto são a Flávia Arruda e a senhora, duas ministras do governo Bolsonaro. Quem a senhora acha que o eleitor bolsonarista vai escolher?
O eleitor bolsonarista vai escolher Damares, o eleitor cristão. Porque eles me identificam mais com as causas do Bolsonaro. Eu não chego nessa causa, agora, porque fui ministra. Eu e Bolsonaro temos uma história de 20 anos nos bastidores. Tanto que quando eu fui chamada para ser ministra, me classificavam como a Bolsonaro de saia. O agro acredita em mim, pela defesa de um agro forte, pujante. O setor empresarial sabe da minha capacidade de gestão, sabe o que eu tenho oferecido para o segmento. Tanto é que, em três semanas de campanha, eu empato. A adesão tem sido muito grande.
E o que o seu mandato vai representar, quais são as pautas que a senhora vai defender?
Primeiro, todo mundo confunde muito o papel de um senador e de um governador. Não dá tempo de explicar para as pessoas qual é o papel de um senador. Eu converso com elas: “a senhora vai trazer calçamento pra minha rua? A senhora vai trazer creche para minha comunidade?”. Sim, eu vou lutar muito para que o orçamento da União destinado ao Distrito Federal não se perca um centavo, por recursos para o DF e para que o gestor local execute esse dinheiro de forma transparente. Primeira coisa que eu vou fazer no meu gabinete, é ter uma central de acompanhamento. Eu quero ser aquele fiscalizador do orçamento e da política pública.
Mesmo que seja seu aliado?
Mesmo. Eu quero lembrar que eu serei senadora da República, vou fazer o mesmo com o governo Bolsonaro. Porque, nem sempre, é o governador. É quem está embaixo fazendo a gestão, ordenando despesa. Não é o presidente. Este povo vai ter uma senadora com gabinete 24h acompanhando a aplicação dos recursos públicos. Vou lutar por investimento, mas eu tenho outras situações, por exemplo, o enfrentamento ao abuso sexual de meninos e meninas. Eu denunciei para o Brasil que nós temos registro de bebês de oito dias sendo abusados e os vídeos, vendidos por R$ 50 mil. Eu quero fazer esse enfrentamento, mas quero no Senado atualizar as leis penais.
CB