O acordo de delação premiada de Vincenzo Pasquino, de 34 anos, com o Ministério Público da Itália promete complicar o esquema de venda e envio de cocaína do PCC e do Comando Vermelho aos portos do Velho Continente. Preso em João Pessoa (PB) em 2021 ao lado de Rocco Morabito, “rei da cocaína de Milão”, Pasquino foi extraditado e está numa cadeia de Roma desde março.
O “cagoete” de Pasquino poderia provocar um terremoto nas relações comerciais ilegais de despacho de droga, especialmente via navios, entre as facções criminosas brasileiras e a máfia da Calábria, a ‘Ndrangheta.
O diagnóstico é do procurador Giovanni Melillo, chefe da Direção Nacional Antimáfia e Antiterrorismo da Itália, que enviou, em junho, a Paulo Gonet, chefe do Ministério Público Federal brasileiro. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
“O senhor Pasquino decidiu-se pelo caminho da colaboração com a Justiça, dando declarações e confissões que, já no estado atual [no início das conversas], parecem relevantes também para investigações reservadas à jurisdição da República do Brasil, referindo-se ao tráfico internacional de entorpecentes organizado por grupos criminosos brasileiros ligados ao Primeiro Comando da Capital e ao Comando Vermelho”, escreveu o procurador italiano no documento ao qual o Estadão teve acesso.
Pasquino entrou para a ‘Ndrangheta em 2011 e foi o responsável pela logística de envio de drogas do Brasil para a Itália de 2017 em diante. No Brasil, Pasquino se instalou no bairro do Tatuapé, em São Paulo, área em que o PCC possui várias propriedades de luxo e chamada por membros da Justiça como “Little Italy”, em referência ao famoso bairro de Nova York dominado pela máfia.
As declarações de Pasquino complicariam as facções italiana e brasileiras de forma parecida com o que ocorreu com Tommaso Buscetta, chefe da Cosa Nostra preso no Brasil que selou colaboração premiada, nos anos 1980, que encrencaram a máfia.
R7