A Polícia Civil apura se o médico Américo Lúcio Neto cometeu injúria contra uma grávida que o acusa de violência obstétrica durante o parto, em Niquelândia, no norte do estado. A mulher disse que foi tratada de maneira ríspida e chamada de gorda. O profissional foi afastado até que a situação seja investigada. O bebê morreu horas depois do nascimento.
O g1 tentou contato por telefone com a defesa do médico Américo Lúcio Neto, mas o advogado informou que estava em reunião. Não houve retorno até a última atualização dessa reportagem.
Segundo a gestante, uma enfermeira de 31 anos, o médico a ofendeu, dizendo frases como “não vou fazer parto de gorda”, “como que uma gorda dessa engravida” e que o feto estava morto. A mulher conta que chegou ao hospital já em trabalho de parto, com o pé do bebê já saindo do útero.
A enfermeira disse ainda que, sem nenhum aviso, o obstetra empurrou os pés para dentro novamente. O médico nega a conduta. Segundo Luiza Emylce Pelá Rosado, secretária da Sociedade Goiana de Ginecologia e Obstetrícia, a manobra de colocar a perna de volta no útero pode ser adotada em algumas situações.
O obstetra, então, pediu para que ela fosse transferida para um hospital em Uruaçu após avaliar que a unidade de Niquelândia não tinha a estrutura necessária para fazer o parto, já que o bebê era prematuro e não estava na melhor posição. A criança nasceu com parada cardiorrespiratória e foi reanimada, mas morreu horas depois, na UTI.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) disse que não informa sobre tramitação de denúncias, processos e sindicâncias.
O delegado Gerson José Sousa disse que o caso é investigado como injúria. “Ele teria chamado a grávida de gorda durante o parto. O médico não admite, mas disse que falou que ela estava acima do peso. Então, há fortes indícios de que houve a injúria”, explicou.
Com relação à violência obstétrica, o delegado disse que não há indícios que mostrem que houve qualquer erro por parte do médico.
“Ele avaliou que era um parto de risco, por isso fez os procedimentos para que ela fosse transferida para outro hospital. Pelo que ouvimos de outros médicos, a conduta dele foi correta”, completou o delegado.
A defesa do médico também sempre negou qualquer procedimento errado por parte do profissional. “Não houve violência obstétrica, muito pelo contrário. Ela queria fazer parto normal, mas não era possível porque o bebê estava sentado. Sobre o fato dele ter empurrado ou não a perna da criança para dentro, meu cliente disse que não, que não forçou. O que ele tentou fazer é um procedimento que é usual quando a criança está sentada”, disse o advogado Luiz Gustavo Barreira.
O delegado disse que ainda vai ouvir mais testemunhas antes de concluir as investigações.
g1 – Goiás