Uma adolescente de 15 anos foi resgatada pela Polícia Federal (PF) em um patrulhamento noturno feito no Rio Mucajaí, na Terra Indígena Yanomami (RR). Ela foi levada à região de garimpo ilegal em Walopali com a promessa de um emprego como cozinheira, mas, ao chegar lá, foi obrigada a se prostituir.
O conselheiro tutelar Franco Rocha, que acompanhou a operação, relatou à Rede Amazônica que a menina revelou fazer até 16 programas por noite. “Enquanto estava lá, passava a noite inteira sendo explorada. Geralmente eram de 15, 16 programas por noite”, disse.
Em 12 de fevereiro, a mãe da jovem registrou o seu desaparecimento na Polícia Civil de Roraima. No barco abordado pela PF, onde a jovem foi encontrada, outras mulheres também cooptadas para prostituição foram resgatadas.
Marco Bontempo, delegado responsável pela operação, afirmou que pela primeira vez a corporação teve acesso a todo o esquema de exploração sexual na Terra Indígena Yanomami. “A PF já tinha conhecimento de ‘cabarés’ no garimpo, mas essa é a primeira vez que identificam uma logística tão estruturada, e que é uma das logísticas que mantêm o garimpo”, explicou.
“Existe um esquema logístico dentro do garimpo que passa pela etapa de cooptação dessas jovens, por rede social e outros meios, até o transporte delas de barcos ou aéreo”, continuou o delegado.
Ouro ou dinheiro
A adolescente contou que foi atraída pelas redes sociais com uma proposta de receber até R$ 5.800 por mês, em ouro ou dinheiro, para trabalhar como cozinheira. Ela foi buscada em casa, em Boa Vista (RR), por um carro luxuoso. Quando chegou ao local, porém, as condições eram diferentes.
“Eles a obrigaram a ir para os cabarés, inúmeros, lá dentro. E que se ela não fosse, iriam deixá-la rodada, como costumam dizer. Não iriam pagá-la e ainda corria o risco de ser assassinada, porque eles a ameaçaram de morte. Então ela não teve outra alternativa”, contou o conselheiro tutelar. A jovem passou mais de um mês no local, sob constantes ameaças, e não foi paga.
“Quando ela chegou lá, viu que tinham várias outras adolescentes, de 15, 16, 17 anos. E, em determinando momento, eles retiram essas adolescentes dos cabarés e encaminham para outros cabarés, como se fosse um rodízio. Lá elas são ameaçadas constantemente, e eles falam que só vão receber no final, quando voltar”, continuou Franco. A menina também relatou a presença de pessoas fortemente armadas no local.
Metrópoles