Célula do PCC que planeja atentados treinou com guerrilha paraguaia

Relatório do MPSP mostra que integrantes de “célula de elite” do PCC foram treinados por guerrilheiros do Exército do Povo Paraguaio (EPP)

Divulgação

Relatório de inteligência do Ministério Público de São Paulo (MPSP) revela que integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) receberam treinamento de guerrilha do movimento Exército do Povo Paraguaio (EPP), grupo armado que promove atentados no país vizinho.

Segundo o documento, a aliança com o EPP está por trás da criação da “Sintonia Restrita”, célula de elite do PCC que monitora e planeja ataques contra autoridades no Brasil. Com missões sigilosas e de alto risco, o grupo é formado por lideranças que respondem diretamente para a mais alta cúpula da facção criminosa.

Entre as ações da Sintonia Restrita, está o plano de atentado contra o senador Sergio Moro (União-PR) e a família dele, desarticulado pela Polícia Federal (PF) no início deste ano. O promotor Lincoln Gakiya, do MPSP, também era um dos alvos da facção.

Os integrantes dessa célula do PCC chegaram a pesquisar, ainda, os endereços dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), para realizar uma “missão” no Distrito Federal. Realizadas em novembro de 2022, as consultas da facção foram reveladas pela Folha de S.Paulo e confirmadas pelo Metrópoles.

Guerrilha paraguaia
Investigadores identificaram as primeiras atividades da Sintonia Restrita em outubro de 2014 – mesma época da aliança selada entre o PCC e a guerrilha paraguaia. Autodeclarado marxista-leninista, o EPP surgiu em 2008 e foi responsável por mortes de policiais, além de sequestros e atentados contra autoridades no Paraguai.

Segundo o relatório, um dos acordos estabelecidos era que os guerrilheiros paraguaios treinassem os brasileiros na prática de tiro, emprego de explosivos e “táticas e posturas adequadas para a guerra”. O intuito do PCC era formar “grupos de elites” para atuar nas missões mais importantes e que “necessitavam de ‘resposta de morte’”.

A célula de elite é liderada por Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, de 48 anos, que está preso desde abril deste ano em São Paulo. Ele é acusado de coordenar o plano de ataque contra Moro.

Um dos chefões do PCC para quem o grupo prestaria contas é Patric Velinton Salomão, o Forjado, de 43, que está em liberdade. Atualmente, ele é apontado pelo MPSP como o número um da facção nas ruas.

Missão no DF
A “missão” do Distrito Federal teria aparecido em prestações de contas interceptadas pelos investigadores, referentes aos meses de maio, junho e julho deste ano. A suposta ação planejada pela facção não foi detalhada no relatório.

De acordo com o documento do MPSP, integrantes da Sintonia Restrita já teriam alugado um imóvel, por R$ 2,5 mil mensais, para servir de apoio na operação. Também foram detectados gastos com aplicativo de transporte durante 15 dias para “correr atrás de terreno para compra” em Brasília.

O dinheiro da operação era fornecido pela FM Baixada, célula que gerencia os pontos de venda de droga no litoral paulista e no Vale do Paraíba. O setor gastou mais de R$ 44 mil em dois meses, de acordo com relatório, na compra de celulares e pagamento de aluguel, mobília, eletrodomésticos, alimentação e transporte.

Segundo a Promotoria, outros integrantes do PCC ligados a ações recentes da Sintonia Restrita são Sandro dos Santos Olimpio, o Cisão, Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal, e Ulisses Scotti de Toledo, o Lelê.

Metrópoles

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