As investigações envolvendo a morte de um 2º sargento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), relatada pela Polícia Civil de Goiás como suicídio, sofreu reviravolta. Arquivo de áudio enviado por Sérgio Antônio Ferreira (foto em destaque) à sua filha, antes de ser atingido com um tiro na cabeça, levanta dúvidas sobre o que ocorreu, de fato, em 29 de abril do ano passado, em uma chácara na área rural de Luziânia, no Entorno do DF.
Para os advogados que representam a família do militar, o caso deveria retornar à polícia para a realização de novas diligências.
Com seis segundos, o áudio enviado pelo sargento teria sido gravado cerca de 30 minutos antes do disparo. O militar foi encontrado com um tiro na cabeça, na área externa da casa, próximo a um sofá. Antes da tragédia, a filha do praça pediu que um vizinho de Sérgio checasse se ele estava bem, mas o chacareiro teria ouvido o estampido logo depois.
A arma usada era uma pistola de propriedade do sargento, aposentado da PMDF desde 2018. Havia apenas uma cápsula deflagrada, e os outros seis projéteis permaneceram intactos no carregador. Mesmo baleado gravemente, ele foi levado com vida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Luziânia e, depois, transferido para o Hospital Maria Auxiliadora, no Gama. Em coma, Sérgio não resistiu ao ferimento e morreu uma semana depois, em 7 de maio.
Retomadas as investigações
A 1ª Delegacia de Polícia de Luziânia instaurou inquérito, e o relato apontou suicídio. Quando o Ministério Público de Goiás (MPGO) analisava o caso para pedir eventual arquivamento, advogados que representam a família do militar peticionaram justificando que o processo deveria retornar à polícia para a retomada das investigações.
Segundo o advogado Asdrubal Neto, há elementos que podem apontar para um possível homicídio. O laudo cadavérico, de acordo com o defensor, não descarta totalmente a possibilidade de assassinato. “A lesão presente na região temporal direita pode ser compatível com orifício de entrada, e a lesão na região frontal esquerda pode ser compatível com orifício de saída, deixando dúvida se o efetivo trajeto do projétil seria da direita para esquerda, ligeiramente de baixo para cima. Também não consta se existia vestígio de pólvora nas mãos do militar nem a distância que o disparo que ocasionou a morte foi efetuado”, analisou.
O advogado também relatou que o caso não contou com uma reconstituição, que possibilitaria a compreensão temporal, cronológica e correta dos fatos ocorridos na data do suposto suicídio, a partir do que foi declarado pelas testemunhas já ouvidas. “O laudo não é conclusivo, sendo no mínimo temerário arquivar o caso sem, ao menos, requerer a complementação do laudo”, frisou.
Metrópoles