A angústia da família de Bárbara Vitória Lopes, de 10 anos, desaparecida desde o último domingo, terminou de forma trágica na manhã de ontem. O corpo da menina foi encontrado por uma moradora em um campo de futebol no bairro vizinho Pedra Branca, em Ribeirão das Neves (MG), na Grande Belo Horizonte, a poucos quarteirões do local onde ela morava, com sinais de violência e estrangulamento, e indícios que sugerem abuso sexual.
O crime deixou parentes em choque e revoltou a comunidade, que se mobilizou para cobrar apuração. A polícia investiga a autoria do assassinato e já tem um suspeito identificado, mas ninguém foi preso.
Bárbara não voltou para casa após ter ido à padaria comprar pão a pedido dos pais, em um trajeto de apenas cinco minutos da casa da criança. Como Bárbara não retornou, os pais resolveram procurar a polícia. A casa de Bárbara fica entre a padaria e o campo de futebol. Câmeras de segurança instaladas no trajeto registraram o momento em que Bárbara desce uma rua, correndo, pelo asfalto, e também mostram dois homens que correm na mesma direção.
O corpo foi encontrado com uma camisa do Atlético Mineiro, a mesma que ela usava quando desapareceu, mas sem as roupas de baixo. Havia sinais de violência e enforcamento. “A PM foi acionada por uma transeunte, que informou ter localizado o corpo de uma menina”, informou o major Wanderson Júnior, que acompanhou a ocorrência no local. Segundo o militar, a região onde a criança foi encontrada é considerada “muito bem policiada e com patrulha constante”. “É um caso que não é comum para a região”, declarou o major.
Vizinho suspeito
Ontem, um suspeito foi ouvido pela polícia. Muito abalada, a mãe de Bárbara confirmou que foi levada até a casa do principal suspeito do crime. Lá, ela identificou um saco de pães na quantidade que pediu à filha que comprasse, antes de desaparecer. Militares informaram ainda que imagens das câmeras de segurança foram mostradas ao suspeito. Nelas, ele apareceria fazendo um sinal para a menina, que corre em seguida. Após vê-las, o homem negou que fosse ele no registro e disse que nem conhecia Bárbara. Porém, quando os policiais mostraram as imagens para o filho do suspeito, ele teria dito: “Pai, me desculpe. Eu te amo, mas é o senhor nas imagens”.
Mesmo diante das palavras do filho, o homem continuou negando a autoria do crime. Os policiais disseram que a mãe de Bárbara reconheceu o suspeito como o homem que fez um conserto nas instalações elétricas da casa dela. Só então, o suspeito mudou a versão e confirmou que era ele nas imagens, que conhecia a menina, mas seguiu negando a autoria do crime. Ele foi levado à delegacia, onde prestou depoimento e liberado em seguida. A Polícia Civil não explicou porque não deteve o suspeito.
Carinhosa e sorridente
Leonardo Rodrigues, amigo da família e padrinho da irmã da criança, disse que Bárbara “era uma menina feliz” e que “a família está muito abalada”. Segundo uma colega da escola, ela era muito querida entre os alunos.
Bárbara morava com a mãe, Luciene Vitalino, o pai, Rogério Lopes, um irmão mais novo de 1 ano, uma irmã de 3 e um mais velho, de 15 anos. Segundo vizinhos, era ela quem ajudava a mãe a tomar conta dos mais novos.
A casa da família recebeu muitas visitas durante todo o dia para prestar solidariedade, especialmente à mãe. “Arrancaram um pedaço de mim”, dizia aos amigos que tentavam confortá-la.
No fim da tarde de ontem, moradores organizaram uma manifestação para homenagear Bárbara e cobrar justiça. O ato ocorreu no campo de futebol onde o corpo foi encontrado. No local, centenas de moradores se reuniram com balões brancos e fizeram orações. A mãe de Bárbara participou, amparada pelo filho de 15 anos. Sentada em uma cadeira no centro da manifestação, ela recebeu abraços e palavras de conforto.
CB