O Exército israelense avança na Faixa de Gaza e está próximo de chegar ao coração do território ocupado pelos terroristas do Hamas: a cidade de Gaza, a maior da região. Sem revelar detalhes, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, comentou, nesta segunda-feira (30), que as FDI (Forças de Defesa de Israel) avançam “metodicamente”.
Ao longo do dia, “dezenas” de tanques israelenses foram vistos realizando uma incursão nas imediações do distrito de Zeitun, na periferia da cidade de Gaza, disseram testemunhas. O Exército israelense informou que bombardeou mais de 600 alvos nas últimas 24 horas e afirmou que seus soldados mataram “dezenas” de terroristas do Hamas.
A expansão da operação terrestre de Israel também está sendo observada de perto pela mídia regional. Nesta segunda-feira (30), sites de notícias árabes afirmaram que tanques israelenses foram vistos em uma estrada principal que conecta o sul da Faixa de Gaza ao norte.
Os relatórios geraram especulações na mídia estrangeira sobre o progresso da campanha terrestre: se a estrada Salah a-Din estiver sob controle israelense (junto com outra estrada principal ao longo da costa), o trânsito ao longo da Faixa será interrompido para o Hamas, dividindo essencialmente o enclave em dois. Esses relatórios apareceram apenas na mídia árabe, segundo o site Jerusalem Post.
O avanço das tropas terrestres das FDI ocorre em meio a contínuos apelos internacionais por uma pausa nas operações para ajuda humanitária, um cessar-fogo e a abertura da fronteira com o Egito como uma saída, bem como para a chegada de mercadorias e combustível a Gaza.
Com o sucesso da ofensiva terrestre, porém, o premiê israelense descartou um cessar-fogo na guerra. “Os chamados para um cessar-fogo são chamados para Israel se render ao Hamas. Isso não vai acontecer”, afirmou Netanyahu.
Refém libertada
Durante as operações desta segunda-feira, o Exército anunciou ter resgatado Ori Megidish, uma soldado sequestrada e mantida como refém pelo grupo terrorista desde o violento ataque em solo israelense. Até então, apenas quatro reféns, todas mulheres, foram libertadas voluntariamente pelo Hamas.
No dia 7 de outubro, o Hamas realizou o maior atentado terrorista contra o território israelense dos últimos 50 anos, que deixou mais de 1.400 mortos. Em sua incursão, os milicianos sequestraram também cerca de 240 pessoas, segundo as autoridades israelenses.
Os bombardeios de represália de Israel provocaram mais de 8.300 mortos em Gaza, incluindo 3.457 crianças, segundo o último balanço das autoridades de Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.
A “nova fase” da guerra, anunciada pelo ministro da Defesa israelense no sábado (28), aumenta a preocupação de uma escalada regional. Na fronteira com o Líbano, multiplicam-se os enfrentamentos com o grupo Hezbollah.
O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, afirmou, em uma entrevista à AFP, que estava fazendo o possível para evitar que seu país entrasse “na guerra”. A violência também aumenta na Cisjordânia ocupada, onde a Autoridade Palestina reportou 120 mortos desde 7 de outubro.
Na Faixa de Gaza, 2,4 milhões de palestinos vivem a realidade da escassez de água, comida, medicamentos e combustível. A situação é “cada vez mais desesperadora”, advertiu neste domingo o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressando preocupação pela “punição coletiva” infligida aos palestinos.
R7