Levantamento feito pela Secretaria de Finanças (Sefin) da Prefeitura de Goiânia com dados extraídos a partir da redução da arrecadação de ISS e IPTU mostram que 12 mil empresas do Centro da capital fecharam as portas desde a pandemia, iniciada em março de 2019. De acordo com o titular da pasta, Vinícius Henrique Alves, a Covid-19 piorou consideravelmente o cenário que já era desanimador, uma vez que 14 mil empresas situadas naquela localidade encerraram suas atividades de 2015 até o momento. Atualmente, a região também conta com 96 áreas completamente desocupadas.
Ao Mais Goiás, Vinicius Alves explica como a Sefin chegou ao número considerado “alarmante” por integrantes do setor produtivo. “Os dados de Inteligência da Secretaria de Finanças demonstram que a região Central possuía um equilíbrio entre o número de empresas abertas e fechadas anualmente”, pontua. De acordo com o levantamento da pasta são 14.310 o número de CNPJs encerrados na região de 2015 para cá.
Número de empresas fechadas no Centro quadruplicou durante a pandemia
”Na última década, o número de empresas fechadas passou a crescer. Ao confrontar os dois índices, percebemos que o Centro de Goiânia perdeu mais de 14 mil empresas. E a pandemia foi um momento crucial para esse desequilíbrio”, explica o titular da Sefin que lidera os debates que buscam revitalizar a região.
Na pandemia, o número mais que quadruplicou. “Os anos de 2020 e 2021 tiveram registros de 12 mil empresas baixadas, sem a compensação, com abertura de novas empresas, nos anos seguintes como ocorria historicamente”, salienta Alves.
Setor produtivo considera a situação “alarmante”
O presidente do Sindicato dos Condomínios e Imobiliárias de Goiás (Secovi-GO), Antônio Carlos da Costa, não vê preocupações nas 96 áreas desocupadas existentes na região, mas enxerga urgência no projeto que busca revitalizar o centro da cidade quando cita os mais de 14 mil fechamentos de empresas.
“Diante do contexto, as 96 áreas desocupadas não é alarmante. Há imóveis demolidos para abrir outros empreendimentos e acontece algo no meio do caminho e acaba não indo pra frente. O alarmante mesmo é o número de empresas fechadas”, salienta. De acordo com ele, o diagnóstico do setor produtivo e da própria Prefeitura de Goiânia é de que houve uma “fuga” de CNPJ’s do centro da capital para outras regiões.
Nesse sentido, Antônio cobra o projeto de revitalização. “Gostei muito do que foi apresentado até agora. O desafio será executá-lo. Fechar uma empresa aqui e ali é normal. O que aconteceu no centro ao longo desses últimos anos foi uma degradação”, pontua. “Precisamos de ter não apenas incentivo fiscal, mas também um indutor que transforme o centro num grande shopping a céu aberto”, destaca. O Mais Goiás já havia mostrado por exemplo, que metade dos estabelecimentos da Rua do Lazer hoje estão desocupados.
Shopping a céu aberto: pedestrização de ruas pode ser uma solução para a região
Nesse sentido, elogia até mesmo propostas sensíveis a partir da proposta que é o de pedestrianização de vias do centro. Na prática, seria fechar a Avenida Anhanguera no trecho que compreende entre a Tocantins e a Araguaia. “É uma forma de suavizar o tráfego no local e levar o cliente com mais facilidade até a loja. Vai ser fundamental. Cria-se uma fachada ativa como se estivéssemos andando num shopping center”, salienta.
Para isso, é importante criar estacionamentos e dar segurança a quem vai visitar o local. “Será importante olhar com carinho a questão tributária que será o incentivador para as empresas retornarem. Depois, as pessoas perceberem que o centro também é uma boa opção de moradia voltando ao que era no passado”, pontua Antônio. “A Anhanguera no passado era um shopping center para o goianiense. Precisamos resgatar esse histórico com esse projeto de revitalização”, pontua.
Revitalização do Centro: após adiamentos, projeto será apresentado ainda em outubro, garante Sefin
A Secretaria de Finanças garante que o texto será apresentado ainda este mês a população goianiense. Além da pedestrianização do centro da cidade, o projeto busca entregar um pacote de incentivos fiscais com dedução de tributos a empresas que desejam se instalar na região. O Jóquei Clube deve virar um grande polo gastronômico e a Prefeitura de Goiânia ainda busca adquirir totalmente a gestão do Grande Hotel, como mostrado pelo Mais Goiás.
Na última reunião que a Prefeitura de Goiânia teve com o Forum de Entidades Empresariais no dia 9 de outubro, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) garantiu que o projeto estava encaminhado para finalmente ser apresentado para a população. Ao Mais Goiás em entrevista concedida em julho, o chefe do executivo garantiu que o texto seria liberado até o final daquele mês.
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