Gêmeas siamesas passam por cirurgia de separação, e mãe diz que está com o ‘coração apertado’

Operação é realizada pela equipe do cirurgião Zacharias Calil e deve durar 14 horas. Valentina e Heloá, de 3 anos, são unidas pelo abdome e compartilham diversos órgãos

Foto: Zacharias Calil

As gêmeas siamesas Valentina e Heloá Prado, de 3 anos, são operadas nesta quarta-feira (11) pela equipe do cirurgião pediátrico Zacharias Calil, no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), em Goiânia. A operação deve durar pelo menos 14 horas, devido à complexidade do caso.

A mãe das meninas, Valdirene do Prado, diz que está esperançosa. “Estamos com as expectativas para que tudo dê certo, mas com o coração apertado. Confiamos em Deus e com muita gratidão pela equipe médica”.

O médico diz que possui boas expectativas com a cirurgia, apesar do grau de dificuldade. As meninas são unidas pelo osso da bacia, o que é denominado na medicina como gêmeos conjugados isquiópagos, que representa apenas 2% dos siameses.

“O que me preocupa é a união dos intestinos, pois como não temos imagens, não é possível fazer um diagnóstico de que maneira ou altura os intestinos estão unidos. Caso a união esteja em uma posição muito alta, a separação se torna inviável, pois uma delas não conseguiria sobreviver. Então, precisaria interromper o procedimento”, explicou o médico.

As crianças são unidas por parte do tórax, abdômen, bacia, fígado, intestinos delgado e grosso e genitálias. As meninas são acompanhadas desde o primeiro ano de vida. Elas já passaram por outra cirurgia em março de 2022, quando foi colocado expansores de pele, para que fosse possível realizar a separação.

Valentina e Heloá são naturais de Guararema, cidade do interior de São Paulo e estão em tratamento em Goiânia há dois anos. Após o início do acompanhamento médico feito por Zacharias Calil, os pais das crianças decidiram se mudar para Morrinhos, na região sul de Goiás, para facilitar o deslocamento até o Hecad.

Pós-operatório

Após a separação, o médico explica que as meninas precisarão de um acompanhamento por anos e até mesmo outras cirurgias. “A cirurgia gera uma catástrofe no organismo dessas pacientes. Eles se comunicam, dividem os mesmos metabólitos, mesma pele. Tudo isso causa um estresse. Quando fazemos a separação, já podemos perceber quando há alterações”.

Zacharias Calil explica que o pós-operatório é tão importante quando a própria cirurgia e que as meninas serão acompanhadas de forma intensa na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com uma equipe preparada especialmente para o acompanhamento dessas crianças.

Após a liberação do período mais crítico, as meninas serão levadas para a enfermaria da unidade.

Hecad

O procedimento é o primeiro realizado no Hecad. A gerente médica do hospital, Ingrid Araújo, diz que a cirurgia foi recebida com muita alegria pela instituição. “A unidade completa um ano desde a sua abertura e há dez meses estamos nos organizando para essa operação”, afirma.

A médica destaca também a importância do Sistema Único de Saúde (SUS). “É muito gratificante saber que um hospital desse tamanho existe dentro do nosso país e pode realizar essa cirurgia de tamanha complexidade. Vamos realizar esse procedimento da melhor maneira possível e acompanhar o caso. Esta será a porta de entrada para outras cirurgias do tipo”, afirma.

g1 – GO

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