Com
isso, a entidade que controla o futebol mundial tem oferecido pacotes de jogos
da competição por streaming diretamente às plataformas digitais no Brasil.
Youtube, Facebook e TikTok, por exemplo, já foram procurados e estudam a
viabilidade do negócio.
A
emissora carioca continuará exibindo as partidas do Mundial na televisão aberta
e no seu canal esportivo por assinatura, o Sportv. No entanto, não terá
exclusividade nas plataformas digitais, seja no Globoplay (streaming) -o app
tem sido uma grande aposta do grupo- ou em seus portais na internet, que
transmitiram jogos ao vivo das Copas de 2010, 2014 e 2018.
É a primeira vez que a Fifa assume a negociação dos direitos
da Copa do Mundo com redes sociais, e o Brasil tem sido uma
oportunidade para a entidade experimentar o modelo.
A
federação que rege o futebol mundial contratou a agência LiveMode, sediada no
Rio de Janeiro, para assessorá-la na comercialização do produto.
A
LiveMode, fundada em 2017 pelos empresários Edgar Diniz e Sergio Lopes
(ex-donos do canal Esporte Interativo), já é parceira da Fifa na
comercialização de cotas de patrocínios na América do Sul para a Copa do Mundo
no Qatar.
O
pacote, avaliado em US$ 8 milhões (R$ 43 milhões no câmbio atual), permite ao
patrocinador explorar publicidade nos estádios durante os 64 confrontos do
Mundial, realizar ativações digitais e usufruir das áreas de hospitalidade com
seus convidados.
A
LiveMode faz a gestão dos direitos de transmissão da Copa do Nordeste e do
Campeonato Paulista. Neste último, inclusive, a empresa conduziu o processo de
venda em nome da Federação Paulista de Futebol (FPF) no qual a Record tirou o
torneio das mãos da Globo.
A
Globo pagava R$ 225 milhões em troca de explorar o Estadual de São Paulo em
todas as suas mídias. Além de reduzir gastos, o conglomerado ficou ainda mais
desinteressado pelo torneio após a FPF ter negociado com o YouTube e cedido a
exibição de 16 jogos da edição de 2022. A plataforma online também poderá
explorar conteúdo de partidas, como melhores momentos.
Ao
mesmo tempo em que busca enxugar custos, a emissora sofre com a concorrência de
outros canais e de marcas que produzem conteúdo digital. Desde o ano passado, o
grupo de mídia carioca perdeu direitos de transmissão de eventos importantes,
como a Copa Libertadores e a F1.
No
entanto, o que mais assombrou o mercado foi quando a Globo, que transmite a
Copa do Mundo desde 1970, apelou à Justiça para não pagar de forma imediata o
valor de US$ 90 milhões (R$ 490 milhões no câmbio atual) à Fifa.
A
juíza Maria Cristina de Lima Brito, da 6ª Vara Empresarial de Justiça do Rio de
Janeiro, concedeu a liminar favorável à emissora em junho do ano passado,
determinando a suspensão do pagamento até o contrato ser apreciado e julgado na
Suíça, onde funciona a sede da Fifa e o vínculo fora assinado.
O
dinheiro deveria ter sido transferido até 30 de junho de 2020, referente a
parcela anual prevista no contrato de direitos de transmissão, válido de 2015 a
2022.
Na tentativa
de reduzir os valores do acordo, a Globo justificou o seu apelo em razão da
pandemia, que impactou de forma negativa a economia e comprometeu o calendário
esportivo internacional.
A
Globo e a Fifa chegaram a um acerto comercial no começo deste ano, o que evitou
o desenrolar de um imbróglio jurídico. A empresa brasileira, porém, teve de
ceder a vontades da entidade e transmitir, em TV aberta, as Copas do Mundo de
futebol de areia e futsal.
O
contrato com a Fifa inclui as edições de 2018 e 2022 da Copa do Mundo, os
Mundiais femininos e das categorias de base (sub-17 e sub-20), assim como os
dois torneios já citados.
A
forma como a Globo ficou sem os
direitos de transmissão da Copa Libertadores e não conseguiu
reavê-los a deixou cautelosa com a Fifa.
A
empresa enviou carta à Conmebol (dona do torneio sul-americano) na qual pedia a
rescisão do contrato, em agosto de 2020, após registrar perdas de receitas em
decorrência da crise do coronavírus. A Globo e SporTV depositavam, anualmente,
US$ 65 milhões (R$ 354 milhões, no câmbio atual), para transmitir a
Libertadores até 2022.
A
cúpula da emissora resolveu arriscar que a entidade sul-americana cederia de
alguma forma ao ser notificada sobre o interesse no rompimento do acordo. Em
vez disso, a confederação bateu à porta da Band e, depois, do SBT, com o qual
fechou novo contrato.
Procuradas
pela Folha, a Fifa, a Globo e a LiveMode não se pronunciaram até a publicação
deste texto.
(Mais Goiás) www.jornalaguaslindas.com.br
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