Entre os grandes artistas da música popular brasileira, Gilberto Gil é o de relação mais longeva com Brasília. Desde 1975, quando esteve com a turnê de lançamento do LP Refazenda, e superlotou o ginásio de esportes do Colégio Marista, que o cantor e compositor baiano se apresenta na capital. O brasiliense já o aplaudiu nos mais diversos locais: do Ginásio Nilson Nelson ao Ceilambódromo, da Concha Acústica ao Camping Show.
Mas, foi o auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães que, ao longo do tempo, mais recebeu espetáculos do tropicalista. É o palco daquele espaço — onde ele e Caetano Veloso estiveram para comemorar 50 anos de carreira — que volta a ocupar hoje e amanhã, às 21h30.
Desta vez, traz o Gilberto Gil in Concert que, depois de cumprir excursão vitoriosa por 18 cidades de países europeus como França, Alemanha, Suécia e Portugal, em julho último; ser aplaudido no Rock in Rio e participar do festival Coala, em São Paulo, recentemente, pode ser apreciado aqui na cidade nessas duas noites, quando aproveita para comemorar profícuos 80 anos de vida.
Ao longo de 50 anos de carreira, Gilberto Gil, com múltiplo talento, exerce o ofício de criador, intérprete, instrumentista e arranjador, e desempenha papel fundamental no constante processo de modernização da MPB. Nos mais de 70 álbuns lançados — que lhe valeram nove prêmios Grammy Awards — pode demonstrar o valor e a relevância de suas letras, determinantes para levá-lo a conquistar o título de imortal da Academia Brasileira de Letras.
No Gilberto Gil in Concert ele tem a companhia dos filhos Bem Gil (violão e guitarra), José Gil (bateria e percussão) e dos netos João Gil (violão e baixo) e Flor Gil (teclados e vocais). Há, ainda, a participação do experiente baterista Marcelo Costa. O repertório está repleto de clássicos, entre os quais Andar com fé, Aquele abraço, Drão, Expresso 2222, Não chore mais, Tempo rei e Vamos fugir — todos autorais, além de Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
Gilberto Gil in Concert
Show, hoje e amanhã, às 21h30, no auditório master do Auditório Ulysses Guimarães. Ingressos entre R$ 120 e R$ 350. Vendas no local.
Entrevista/ Gilberto Gil
Celebrar os 80 anos, em plena atividade, representa o que?
Significa que a energia está boa e a vontade de trabalhar também.
A partir do show Refavela você passou a dividir o palco com filhos, netos e uma bisneta. Qual é a sensação que isso lhe traz?
É um prolongamento da vida em família levada ao palco. Felizmente, tem muita gente talentosa em nossa família e não é favor nenhum fazer shows com eles.
Que avaliação faz de Bem Gil na direção do espetáculo?
Para além das qualidades musicais de Bem, ele é uma pessoa calma e organizada. Tem bom espírito de liderança com os irmãos, sobrinhos e cunhados.
Houve sugestão dele na elaboração do repertório?
Sim , e não só dele. Os outros membros da família/banda também opinaram.
Fazer duo com Flor Gil em Garota de Ipanema lhe desperta que sentimento?
De grande ternura, pois ela é uma menina muito sensível e musical.
No Rock in Rio, nesse momento, a emoção o levou às lágrimas. Tem sido sempre assim?
Em muitos momentos a emoção toma conta de mim.
Desde Refazenda, em 1975, tem trazido praticamente todas turnês a Brasília. É importante ter a capital na rota de suas apresentações?
Já vivi em Brasília onde tenho amigos queridos. Gosto da cidade e acho importante que as turnês passem por aí.
Como é a convivência do artista da música com os colegas imortais da Academia Brasileira de Letras?
Muito harmoniosa. Os encontros com os colegas acadêmicos têm sido muito agradáveis e gosto muito do ambiente da Academia Brasileira de Letras.
Qual é a visão do intelectual em relação ao tratamento que tem sido dado pelo governo à cultura do país?
Sem comentários.
CB
