A Caixa Econômica Federal negocia verbas de publicidade com a Omnia 360, empresa que tem como sócio o empresário Arthur Lira Filho, de 23 anos, filho do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
O banco passará a ser presidido por Carlos Antônio Vieira Fernandes, nome indicado diretamente pelo deputado e anunciado na última quarta-feira (25) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A Omnia representa veículos de mídia que participam de campanhas publicitárias da estatal, além de outros órgãos públicos. Duas das clientes da Omnia, a OPL Digital e a RZK Digital estão entre os veículos que atuaram na publicidade da Caixa nos dois últimos anos, de acordo com a reportagem. A empresa não informa os valores envolvidos nas negociações.
Outra fornecedora do banco é a Rocket Digital. A empresa tem como um dos donos Maria Cavalcante, que é sócia da Omnia, empresa de Lira Filho. Maria é filha de Luciano Cavalcante, ex-assessor do PP na Câmara, na época indicado por Lira.
Luciano chegou a ser alvo de uma operação da Polícia Federal sobre supostos desvios de dinheiro na compra de kits de robótica em escolas de Alagoas. A investigação foi anulada pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da defesa de Lira. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo.
Procurada por O Tempo Brasília, a assessoria de Arthur Lira disse que o presidente da Câmara não irá se manifestar sobre o assunto.
Troca na Caixa atende ao Centrão
A nomeação de Carlos Antônio Vieira Fernandes para a presidência da Caixa se deu em meio a pressões de partidos do Centrão por mais espaço no primeiro escalão do governo Lula.
Após meses de negociação, o presidente cedeu e demitiu a então presidente da estatal, Rita Serrano. A troca ajudou a destravar a votação de um dos projetos prioritário do Planalto na área econômica, a taxação das offshores e dos fundos exclusivos. No mesmo dia da nomeação de Fernandes, Lira conduziu a aprovação da matéria na Câmara.
Porém, o “apetite” de partidos como PP, PSD, União Brasil e Republicanos deve se estender a outros órgãos do governo federal. A presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e cargos nos Correios também são ambicionados pelo grupo, como condição para fazer avançar novas medidas do governo.
O Tempo