A deputada Bia Kicis (PL-DF) afirmou que terá muito trabalho à frente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. A parlamentar foi eleita na quarta-feira (15/3). Kicis, que é oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aproveitou para criticar o histórico de gastos do partido em conversa com os jornalistas Denise Rothenburg e Carlos Alexandre de Souza, no Podcast do Correio desta semana.
“A nossa função é fiscalizar. Fiscalizar as contas, como o dinheiro é gasto no Palácio do Planalto, ministérios, bancos públicos e estatais. Eu tenho certeza que nós vamos ter muito trabalho, dado o histórico dos governos do PT, que são fartos em malversação de dinheiro público, corrupção, desvio… Tenho certeza que não vai faltar trabalho”, afirmou.
Durante a conversa, a deputada também listou alguns dos problemas que têm chamando a atenção dela na comissão e garantiu que pretende melhorá-los. Também foi questionada sobre quando Jair Bolsonaro (PL) pretende voltar ao país e sobre o caso das joias milionárias presenteadas ao então presidente pelo governo saudita. Confira trechos da entrevista a seguir:
Como vai ser a gestão da senhora na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara?
A nossa função é fiscalizar. Fiscalizar as contas, como o dinheiro é gasto no Palácio do Planalto, ministérios, bancos públicos e estatais. Eu tenho certeza que nós vamos ter muito trabalho, dado o histórico dos governo do PT, que são fartos em malversação em dinheiro público, corrupção, desvio… Tenho certeza que não vai faltar trabalho. E a gente tem que trabalhar com seriedade, serenidade para aquilo não virar palanque de politicagem. Não é para isso que a comissão existe, ela tem que ser muito séria para ter bastante credibilidade. E eu já recebi 16 requerimentos de parlamentares, situação e oposição, pedindo informações, requerimentos, convocação de ministro, e isso por parte de deputados da oposição. Nós queremos ouvir e trazer ao povo brasileiro a certeza de que haverá fiscalização.
O que mais chama a atenção da senhora agora sobre o atual governo?
Tem assuntos que estão em voga, que estão muito na mídia já, que estão chamando atenção. E a cada dia surge uma coisa nova, como por exemplo, essa visita do ministro da Justiça (Flávio Dino) ao Rio de Janeiro na favela, um local de muita violência, um local de tráfico de droga, e com um pessoal que anda altamente armado. O ministro entrou lá com toda a tranquilidade, então já tem requerimento para que ele seja ouvido tanto na Comissão de Controle quanto na de Segurança Pública.
Há questões ligadas ao Ministério da Saúde também que a gente tem que ver, tem a questão das vacinas que venceram, tem a questão de uma portaria número 230 que parece a que está sendo usada para você fazer doutrinação, quer dizer, com desvio do escopo do SUS para doutrinar as suas correlações, ideologia de gênero. Isso é muito perigoso porque o SUS não pode ser aparelhado, não pode ser usado para isso. Tem que ser usado para dar saúde às pessoas, tratamento, remédio, exame, e não para aparelhamento ideológico.
Tem muita coisa para a gente ver. Outra questão que está preocupando bastante, chamando atenção, é a questão dos fundos de pensão. A gente está vendo aí, por exemplo, essa indicação de um sindicalista que não tem um currículo adequado para esse cargo, para essa função do fundo de pensão que gera R$ 200 bilhões, maior fundo de previdência privada da América Latina. Tem muita coisa que a gente tem que olhar, BNDES, os empréstimos… agora, a gente vai contar com o TCU. Ontem eu já tive uma primeira reunião com o secretário do Tribunal de Contas da União, que afinal é um órgão auxiliar do Legislativo. Já começamos a conversa e queremos andar alinhados. Ontem à noite conversei com o presidente do TCU, ministro Bruno Dantas, que me ligou e conversamos. Precisamos colocar todo recurso do TCU à disposição da comissão, e nós queremos contar com ele, sim.
O governador Ibaneis, em entrevista ao Correio, falou que o ex-secretário de Segurança do DF Anderson Torres terá que se explicar sobre a minuta que fazia referência a um golpe de Estado. Como a comissão irá trabalhar sobre os atos de 8 de janeiro?
O que nós queremos é que a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) seja instalada. É lá que nós iremos investigar, já que a comissão não tem esse escopo de examinatos da população. Escapa totalmente ao nosso escopo, mas a CPMI é para isso, nós queremos que a verdade venha à tona, queremos identificar os responsáveis pelos atos de vandalismo e depredação de patrimônio público. Felizmente, não houve nenhuma morte, e esses atos devem ser investigados, os responsáveis identificados, processados e julgados dentro do devido processo legal. Eu acho que tem muita coisa que virá à tona, e as pessoas que são acusadas de participarem do ato, que são os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), querem a investigação. Quem nos acusa não quer investigar. Geralmente quem não gosta de investigação é bandido, quem tem culpa no cartório. E vamos fazer com certeza (a investigação) porque, à medida que o governo tenta tirar assinaturas, mais assinaturas aparecem. Essa CPMI deve ser instaurada para que a verdade possa vir à tona.
Quando o ex-presidente Jair Bolsonaro volta e como o PL está tratando isso?
Acho que essa decisão tem que ser dele em primeiro lugar. Ele declarou à Justiça que está voltando, que deve votar até o fim do mês. Ontem eu tive uma conversa muito bacana com o Paulo Figueiredo (jornalista bolsonarista que teve as redes sociais suspensas ao ser investigado por divulgação de discursos antidemocráticos e de ódio), que mora lá em Miami, e ele externou achar que o presidente {sic} deveria ficar mais nos Estados Unidos porque ele está sendo muito procurado por jornalistas, por gente de mídia muito grande lá, que quer ouvi-lo e que quer saber o que que está acontecendo no Brasil. É uma oportunidade para ele falar lá fora, ser ouvido e contar a versão dele de toda a história. Porque a gente sabe que a esquerda sempre levou para fora narrativas.
Sem dúvidas Bolsonaro é muito importante, ele faz falta, mas o fato dele estar lá fora levando os fatos ao conhecimento de outros outros lugares, de políticos, de outros países, isso também é muito importante. Às vezes você ajuda mais seu país estando fora dele, trabalhando fora. E muitas pessoas já fizeram isso, jornalistas, muitas pessoas já saíram para poder falar quando aqui dentro a verdade está sendo sufocada. Quando aqui dentro a gente não pode falar, as mídias acabam censurando. Pelo menos nos Estados Unidos ainda se respira mais liberdade do que aqui. A liberdade de expressão lá ainda é mais valorizada.
E no caso das joias, o Bolsonaro vai devolver? Qual a opinião da senhora sobre isso?
O Bolsonaro não precisa estar aqui. O TCU já está investigando. Eu mesmo estou pedindo informações ao TCU porque, pelo que a gente sabe, as joias ficaram retidas na Receita Federal, mas tem algumas que ficaram com ele (Bolsonaro). A gente mesmo não sabe, eu quero saber porque não dá para a gente se fiar só em matéria que saiu nas redes, que sai na mídia. A gente tem que entender. Ainda mais na minha posição, agora, como presidente da Comissão de Fiscalização, tem que ser tudo com muito dado e muito elemento.
Correio Braziliense