Em 4 meses, 1.326 professores foram afastados por transtornos mentais

Dos 5,1 mil servidores da Educação que emitiram atestados neste ano, 26,31% se afastaram para cuidar da saúde mental, a maioria professores

Foto: Voz do Bico

Em 2023, de janeiro a abril, mais de 5.178 servidores da rede pública de ensino do Distrito Federal precisaram de atestados médicos. Desses, 26,31% ausentaram-se do trabalho para cuidar de transtornos mentais, e 84,4% eram professores.

Os outros 15,48% faziam parte da carreira de assistência à educação, ocupação integrada por monitores de Gestão Educacional, secretários escolares e gestores de habilitações como psicologia, nutrição, biblioteconomia e administração.

Os dados constam em um boletim epidemiológico produzido pela Diretoria de Epidemiologia em Saúde do Servidor, da Secretaria de Planejamento, sobre o estado de saúde dos servidores do DF.

No intervalo analisado, foram emitidas 7.514 licenças, sendo a maioria em março e por um período de 4 a 10 dias de afastamento do trabalho.

Ainda de acordo com o estudo, a regional de ensino que mais teve afastamentos foi a do Plano Piloto/Cruzeiro, com 14,84% do total. Em seguida aparecem Taguatinga, com 12,90%, e Ceilândia, com 11,76%. A regional de Brazlândia foi a que recebeu menos atestados no ano de 2023, com apenas 2,93%.

Desvalorização dos professores
Samuel Fernandes, diretor do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), considera que a categoria é desvalorizada e isso desencadeia outros problemas. “Os professores que estão dentro das salas de aula sofrem com falta de estrutura, salas superlotadas, sem ventilação adequada, sem monitores, laboratórios, bibliotecas, quadras de esporte, e tendo de permanecer cinco horas diárias com 30, 40, 45 alunos dentro de sala. Como não adoecer nessas condições?”, questiona.

Para o sindicalista, a violência que os servidores sofrem durante o exercício da função também contribui para o adoecimento da categoria. “Fora a questão da violência, ameaças que muitos educadores sofrem, levando ao desgaste físico e emocional.”

“O docente quer trabalhar, mas precisa estar bem. Essa situação só vai melhorar a partir do momento que o governo desenvolver políticas públicas que cheguem a todas as escolas e que contemplem a saúde do trabalhador”, completa.

Neste ano, a mãe de uma aluna do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 113 do Recanto das Emas agrediu uma funcionária da escola. Câmeras de segurança flagraram a confusão. As imagens mostram quando a mulher entra na sala e dá um tapa em um recipiente de álcool. Em seguida, ela pega um violão com as duas mãos e quebra o instrumento ao bater com ele diversas vezes contra o chão.

Em 2019, um professor de matemática do Centro de Ensino Fundamental 25 (CEF 25) de Ceilândia foi agredido com socos e pontapés por um aluno da unidade educacional. O adolescente teria se revoltado após não gostar de uma resposta dada pelo docente durante a aula.

Outras secretarias
As duas pastas do GDF com o maior número de afastamento são a Saúde e a Educação, com 10,3 mil e 5,1 mil servidores com atestados emitidos em 2023, respectivamente. As outras secretarias, juntas, somam 2.093 atestados nos primeiros quatro meses deste ano.

Saúde do DF registrou 10 mil atestados em 4 meses

Entre essas outras pastas, as duas com maior número de funcionários públicos afastados em função de atestado são a Secretaria de Justiça (Sejus) e a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape).

Metrópoles

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