Produção industrial recua 0,2% em fevereiro, 3º mês sem crescimento

Setor responsável por 20% do PIB sofre com nível das taxas de juros e figura em patamar 2,6% abaixo do período pré-pandemia

Foto: Volkswagen

A produção industrial brasileira recuou 0,2% em fevereiro e emendou o terceiro mês seguido sem crescimento, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (19) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com a série negativa apresenta pela PIM (Pesquisa Industrial Mensal), o setor responsável por cerca de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) figura 2,6% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 19% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.

“Embora a produção industrial tenha mostrado alguma melhora no fim do ano passado, este início de 2023 apresenta perda na produção e permanece longe de recuperar os índices do passado recente”, afirma André Macedo, gerente responsável pela pesquisa.

Com os três meses no vermelho, a atividade do setor industrial acumula baixa de 0,6% no período de perdas. Já na comparação com o mesmo mês do ano passado, a produção está 2,4% menor.

O novo resultado negativo surge em meio a críticas da indústria ao elevado patamar da taxa básica de juros. Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), a manutenção da taxa Selic no maior patamar dos últimos seis anos é “equivocada” e “apenas traz custos adicionais para a atividade econômica”.

Os reflexos da baixa produção e do aumento das dificuldades de financiamento já são amplamente sentidos pelo setor automobilístico. Na tentativa de driblar a queda das vendas, diversas montadoras concederam férias coletivas aos trabalhadores no início deste ano.

Atividades
Das 25 atividades pesquisadas pelo IBGE, nove apresentaram recuo no mês de fevereiro. Entre os destaques negativos aparecem os ramos de produtos alimentícios (-1,1%), produtos químicos (-1,8%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,5%). Também as atividades de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-3,5%) e de produtos de metal (-1,4%) ajudaram a pressionar a variação negativa da indústria nacional.

Macedo afirma que o desempenho do setor de alimentos foi influenciado pela menor produção de carnes de bovinos, aves e suínos, sucos e derivados da soja. “A queda observada na produção de carne bovina teve a influência da suspensão das exportações para a China por conta do mal da vaca louca no fim do mês de fevereiro”, recorda o pesquisador.

Por outro lado, as indústrias extrativas (+4,6%) e os segmentos de bebidas (+3,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (+0,5%), impressão e reprodução de gravações (+11,2%) e de produtos diversos (4%) foram na contramão do resultado geral e ampliaram sua produção.

Na comparação com fevereiro de 2022, a queda na produção foi disseminada e atingiu 17 dos 25 ramos. As influências negativas mais importantes vieram de produtos químicos (-8%), produtos alimentícios (-3,8%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,1%) e máquinas e equipamentos (-9%).

R7

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