O crescimento da indústria e do comércio do DF é discutido por suas lideranças

Representantes do setor produtivo destacaram a importância dos empregos e das riquezas geradas para o desenvolvimento local. Também foi abordada a dimensão do Fundo Constitucional para o DF

Foto: Carlos Vieira

Lideranças representantes da indústria, comércio e construção civil debateram, nesta segunda-feira (30/01), o desenvolvimento social e econômico do Distrito Federal. O painel O papel da indústria e do comércio para o crescimento do DF, que fez parte do evento Entre os Eixos do DF, promovido pelo Correio Braziliense, teve a participação dos presidentes do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), Dionyzio Klavdianos; da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-DF), José Aparecido Freire; do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico do Distrito Federal (Codese-DF), Leonardo Ávila; e do vice-presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Pedro Henrique Verano. Os empresários defenderam a união do setor produtivo em prol do avanço do DF e a economia local.

Geração de empregos
O presidente da Fecomércio-DF, José Aparecido Freire, participou por videoconferência e se manifestou em favor do Fundo Constitucional do DF, que representa R$ 23 bilhões por ano. “Não é muito dinheiro, pois Brasília tem que gerar segurança para todos os Poderes. Sem o Fundo Constitucional, Brasília vai quebrar definitivamente”, alertou Freire.

De acordo com o presidente da Fecomércio-DF, o objetivo da união dos setores da indústria e do comércio é proteger Brasília. “Hoje, nós temos a parte da indústria que é o Senai, que capacita trabalhadores, mas nós temos também o Senac, que é do comércio, mas ainda temos muitos empregos a criar em Brasília”, observou. “O setor de comércio gera em Brasília 315 mil empregos. E sem o Fundo Constitucional, esses empregos serão perdidos. Então, nós temos que ter muito cuidado”, ponderou.

José Aparecido destacou ainda que Brasília não tem muitas características industriais, mas conta com o Biotic — um parque tecnológico que pode gerar muitos empregos. “É importante, sim, que a indústria cresça, que haja essa parceria do setor produtivo, que gera emprego, que paga impostos, que faz a cidade crescer e desenvolver”, afirmou.

Construção civil
“Nos últimos quatro anos, as obras do DF estão sendo concluídas no prazo, mesmo com a questão da covid”, ressaltou o presidente do Sinduscon-DF, Dionyzio Klavdianos, lembrando que a construção civil é importante para o crescimento de Brasília. “É natural que a construção civil tenha um papel na indústria do DF. Se não fosse assim, a cidade não seria o que é”, disse o empresário.

O dirigente do Sinduscon-DF avaliou que é “inadmissível” a demora na aprovação do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB). “Estamos há 20 anos sem aprovar. Brasília corre o risco de perder o título de patrimônio cultural da humanidade por conta disso”, lamentou Dionyzio. “Temos um texto interessante, que foi discutido com toda a sociedade, a ponto de ser enviado para a Câmara Legislativa”, lembrou.

Dionyzio Klavdianos também comentou sobre a importância que o Entorno tem para o DF. “Ele tem que ter os mesmos índices de qualidade de vida que temos. Não é possível falar do sucesso do DF, sem citar as cidades do Entorno”, enfatizou.

Investimentos
Para o vice-presidente da Fibra, Pedro Henrique Verano, com a criação de uma política de desenvolvimento produtivo sustentável e de uma agência de promoção de investimentos próprios para o DF, o cenário econômico e industrial local poderia se tornar mais favorável para a sociedade.

Sobre a possível política, o empresário salientou que a ideia é que haja a garantia da aplicação de melhorias em um longo prazo. “Ela transformaria as ações para o desenvolvimento local em políticas de Estado, estabelecendo princípios e diretrizes norteadoras de ação de poder público e regras de procedimentos para relação entre Estado e sociedade, garantindo tratamento de longo prazo para o tema”, detalhou. Quanto à agência, Verano explicou que, diferentemente da Terracap, o órgão teria o papel de concentrar os principais serviços e respostas para atendimento ao investidor que tenha interesse no DF.

Pedro Henrique Verano frisou que, mesmo com a localização favorável e a vantagem de ser a sede dos Poderes da República, o DF pode viver tempos sombrios na economia. “Por décadas, a economia do DF teve segurança e pôde se apoiar nas necessidades dos governos, para gerar a nossa riqueza e empregos. Porém, o cenário que se constrói para os próximos anos é preocupante. O Estado contrata cada vez menos, já não consegue fornecer empregos em volume suficiente para atender a crescente massa populacional do DF e do entorno”, apontou o vice-presidente da Fibra.

Na visão de Pedro Verano, os avanços tecnológicos e logísticos fizeram com que as compras realizadas pelas instâncias do poder público pudessem ser feitas por meio de fornecedores em qualquer ponto do país, reduzindo a vantagem geográfica que as empresas do DF tinham, até certo ponto. “Por décadas, permitimos que a administração pública fosse a nossa principal fonte de desenvolvimento econômico e nós apostamos quase todas as nossas fichas — tanto os empresários, como o GDF. Deixamos de lado o desenvolvimento de outros setores, que poderiam , em paralelo, gerar renda e emprego para a nossa cidade”, analisou.

Invasões preocupam
Leonardo Ávila, presidente do Codese-DF, chamou a atenção para os problemas enfrentados pelos moradores de regiões ocupadas sem planejamento urbano. Ele alertou que o desenvolvimento socioeconômico dessas áreas deve ser uma prioridade do governo. Leonardo Ávila também resgatou o documento O DF que a gente quer em 2040, um trabalho elaborado por 18 câmaras técnicas do governo distrital, como as de cidadania, saúde e segurança. O objetivo é indicar o estabelecimento de políticas públicas duradouras, para evitar a descontinuidade das ações entre gestões.

Na visão de Pedro Verano, os avanços tecnológicos e logísticos fizeram com que as compras realizadas pelas instâncias do poder público pudessem ser feitas por meio de fornecedores em qualquer ponto do país, reduzindo a vantagem geográfica que as empresas do DF tinham, até certo ponto. “Por décadas, permitimos que a administração pública fosse a nossa principal fonte de desenvolvimento econômico e nós apostamos quase todas as nossas fichas — tanto os empresários, como o GDF. Deixamos de lado o desenvolvimento de outros setores, que poderiam , em paralelo, gerar renda e emprego para a nossa cidade”, analisou.

De acordo Ávila, o estudo chegou à conclusão de que o grande problema para o desenvolvimento socioeconômico do DF são as invasões. “Locais onde nós temos as menores taxas de acesso à esgoto, à escola, à creche, à saúde, renda — todos são regiões de invasão”, salientou o presidente do conselho.

CB

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