Grupo espanhol Aena arremata Congonhas e mais 10 terminais por R$ 2,45 bi

Com o leilão de ontem, realizado na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), sobe para 59 o número de aeroportos brasileiros operados por empresas privadas

Foto: Valter Campanato

O governo federal arrecadou R$ 2,72 bilhões na sétima rodada de leilões de concessão de aeroportos, que vai transferir a administração de mais 15 terminais à iniciativa privada. Num certame marcado pela pouca presença de interessados, a empresa espanhola Aena Desarrollo Internacional foi a única proponente do bloco SP-MS-PA-MG, que incluía o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, considerado a “joia da coroa”. Mesmo sem concorrência, a Aena fez um lance de R$ 2,45 bilhões pelo bloco, com ágio de 231% em relação ao valor mínimo de R$ 740 milhões.

Com o leilão de ontem, realizado na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), sobe para 59 o número de aeroportos brasileiros operados por empresas privadas. Juntos, eles atendem a 90% do transporte de passageiros na aviação doméstica.

A diretora internacional da Aena, Maria Rubio, disse que a empresa viu no leilão uma janela de oportunidade para ampliar seus negócios e ingressar no mercado aeroportuário brasileiro. Congonhas é o segundo terminal mais movimentado do país, ficando atrás apenas de Guarulhos, também em São Paulo. Por ele, passam 32 milhões de passageiros por dia, e a previsão é de que, com a privatização, esse número aumente para 35 milhões.

Questionada sobre o ágio, a executiva se limitou a dizer que a gestão do aeroporto pelos próximos 30 anos faz parte do plano de desenvolvimento da empresa, que opera 46 terminais na Espanha. “Queremos contribuir para o desenvolvimento aeroportuário do Brasil. O país é parte muito importante da nossa visão estratégica de expansão internacional”, disse Maria Rubio.

Além do valor da outorga de R$ 2,45 bilhões, a empresa investirá R$ 5,8 bilhões — dos quais R$ 3,3 bilhões em Congonhas — nos 11 aeroportos do bloco, que é formado ainda pelos terminais de Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul; Santarém, Marabá, Parauapebas e Altamira, no Pará; e Uberlândia, Uberaba e Montes Claros, em Minas Gerais.

Demais grupos
O grupo chamado de Aviação Geral ou executiva, compreendendo os aeroportos Campo de Marte, em São Paulo, e Jacarepaguá, no Rio de Janeiro foi arrematado por R$ 141,4 milhões pelo fundo Infra IV, da XP Investimentos. A participação do fundo foi a novidade do certame. A empresa de investimentos apresentou a proposta em parceria com a francesa Egis e foi vitoriosa com lance único em sua estreia no segmento aeroportuário.

Embora menores e pressionados pelo desenvolvimento urbano do entorno, Campo de Marte, em São Paulo, e Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, interessaram à XP devido à aviação executiva, de acordo com Túlio Machado, chefe de Investimentos em Infraestrutura do grupo. Os terminais operam com jatinhos, aviões particulares e táxis aéreos.

“Estamos acreditando nesse investimento como parte da evolução da exploração de petróleo e gás no Brasil. Jacarepaguá, por exemplo, é importante para (garantir) voos para plataformas de exploração na região”, disse Machado.

O terceiro e último bloco, chamado Norte II, englobando os aeroportos de Belém (PA) e Macapá (AP) foi vendido por R$ 125 milhões, para o consórcio Novo Norte Aeroportos. O grupo deve aplicar R$ 875 milhões nos terminais de Belém (PA) e Macapá (AP) enquanto durar o contrato, de 30 anos.

O ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, disse que, apesar do cenário de incertezas, considerou o leilão bem sucedido. “Chegamos ao centésimo leilão, com R$ 120 bilhões em infraestrutura. E queremos fechar 2022 com R$ 200 bilhões em privatizações”, explicou.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) emitiu nota para informar que “considera um avanço para a infraestrutura brasileira a concessão de mais 15 aeroportos”, principalmente, em função da modelagem do leilão, que agregou 10 aeroportos de baixa movimentação ao de Congonhas.

Presidente da CNI, Robson Braga de Andrade disse acreditar que o leilão possibilitará que os aeroportos concedidos sejam rapidamente modernizados e se tornem mais eficientes. Entre os efeitos positivos estariam a geração de empregos e a recuperação econômica.

“O setor privado demonstrou, desde o começo das privatizações de aeroportos, ser mais preparado do que o poder público para investir em obras de modernização e adequar os aeroportos para atender à crescente demanda por transporte de passageiros e de cargas”, destacou Andrade.

Entre os grandes aeroportos sob gestão da Infraero, somente o Santos Dumont, no Rio de Janeiro, ainda não foi privatizado — deve entrar na 8ª rodada de leilões, ainda sem data definida. Também está prevista a revisão contratual do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, já que a concessionária desistiu do negócio. “Esperamos privatizar os dois juntos até o final do ano que vem”, disse Sampaio.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CB

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