Corretora avança em NFTs com leilão de obras indígenas

Isso permite criar uma espécie de senha e a atrelar a um arquivo eletrônico, como uma fotografia digital de um quadro

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Foto: AFP

O Mercado Bitcoin promoveu nesta quarta-feira (26) o lançamento do seu espaço virtual de comercialização de NFTs, sigla em inglês para token não fungível (non-fungible token). A estreia é marcada pelo leilão de obras de artes cujos ganhos serão parcialmente revertidos para um projeto de proteção do território do povo indígena Paiter Suruí, na Amazônia.

Token, na linguagem da informática, é uma tecnologia que cria códigos através do sequenciamento de símbolos (como letras, por exemplo). Isso permite criar uma espécie de senha e a atrelar a um arquivo eletrônico, como uma fotografia digital de um quadro.
A codificação garante a autenticidade de uma obra comercializada pela internet. Isso torna uma obra de arte digital única e, portanto, potencialmente valiosa. Ela vira um criptoativo, uma vez que adota o princípio da criptografia. É a mesma lógica utilizada pela tecnologia de encadeamento de blocos de códigos (blockchain) que garante a segurança de moedas virtuais.

Entre as principais corretoras de criptoativos com atuação no país, o Mercado Bitcoin busca dois objetivos com o projeto batizado de NFTs de Impacto: ampliar o portfólio de ativos ofertados aos seus clientes e dar a largada em programa corporativo de apoio ao desenvolvimento sustentável e a causas sociais voltadas para populações em situação de vulnerabilidade.

O programa procura reforçar o posicionamento da empresa em ações ESG, sigla em inglês para designar boas práticas ambientais, sociais e de governança. Em resposta ao aumento da percepção do público sobre questões como emergência climática e desigualdade, a adoção dessas práticas vem ganhando espaço entre as estratégias empresariais.

“As NFTs são uma realidade e nossa intenção era trazer algo diferente. O lançamento das NFTs de Impacto é o projeto ideal”, diz Fabricio Tota, diretor de novos negócios da empresa. “Essa é a primeira de muitas causas urgentes de nosso país que serão contempladas nesse projeto”, afirma.

A luta da comunidade Paiter Suruí contra a invasão do seu território, localizado entre os Estados de Rondônia e Mato Grosso, ganhou notoriedade internacional com a participação de Txai Suruí na COP26, a conferência do clima realizada no ano passado em Glasgow, na Escócia. A jovem de 24 anos fez história ao discursar, em inglês, na abertura do evento.

A estudante de direito e ativista indígena foi criticada pelo presidente Jair Bolsonaro, que a acusou de atacar o Brasil durante a conferência da ONU (Organização das Nações Unidas).

A meta do projeto de conservação em curso no território é preservar uma área de 13 mil hectares de floresta. Para isso, 30 monitores percorrem o território utilizando GPS e equipamentos fotográficos para, em caso de irregularidades, alertar as autoridades. O valor arrecadado no leilão irá apoiar essa iniciativa.

Interessados poderão dar seus lances para adquirir obras de artistas como Paula Klien, Denilson Baniwa, Moara Tupinambá, Walelasoepilemãn Suruí, Renata Tupinambá, Marcos Vinícius Rego Barbosa, Sallisa Rosa e Nelson Porto.

O leilão acontece até 15 de fevereiro. Serão 12 obras com valores mínimos que vão de R$ 100 a R$ 5.000.

As obras do projeto do Mercado Bitcoin são leiloadas em parceria com a plataforma de criptoarte Tropix. Até 95,5% dos ganhos serão revertidos ao projeto de gestão e vigilância territorial do povo indígena Paiter Suruí.

 

 

 

J.Br

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