As contas do governo federal registraram déficit primário de R$ 45,2 bilhões em junho, informou nesta quinta-feira (27) a Secretaria do Tesouro Nacional.
O déficit primário acontece quando a arrecadação com tributos fica abaixo dos gastos do governo (sem considerar o pagamento de juros da dívida pública). Quando as receitas superam as despesas, o resultado é de superávit primário.
De acordo com a série histórica do Tesouro Nacional, esse é o pior resultado, para este mês, desde 2021 – quando o rombo somou R$ 84,8 bilhões, em valores corrigidos pela inflação.
Em junho de 2022, as contas do governo registraram superávit de R$ 14,6 bilhões (valores nominais) ou de R$ 15 bilhões (valores atualizados pela inflação).
Segundo o Tesouro, o resultado negativo em junho deste ano é fruto de uma redução real (descontada a inflação) de 26,1% da receita líquida e um acréscimo real de 4,9% das despesas totais, na comparação com junho de 2022.
Isso porque, de acordo com a secretaria, duas receitas influenciaram o resultado de junho em 2022: concessão da Eletrobras e pagamento de dividendos pelo BNDES (o que não ocorreu em junho de 2023).
Já o aumento das despesas em junho deste ano é explicado, principalmente:
– pagamento de benefícios previdenciários (+R$ 11,6 bilhões): o aumento é devido ao calendário de pagamento do 13º salário de inativos e pensionistas. Em 2022, o 13º foi pago em abril (R$ 6,7 bi), maio (R$ 29,3 bi) e junho (R$ 22,7), enquanto em 2023 está sendo pago em maio (R$ 7,3 bi), junho (R$ 30,9 bi) e julho (valores em termos reais);
– despesas obrigatórias com controle de fluxo (+R$ 8,2 bilhões): o crescimento é explicado pelo aumento do pagamento do Bolsa Família e do Auxílio Brasil.
Acumulado do ano
Ainda segundo o Tesouro Nacional, no acumulado dos seis primeiros meses deste ano, as contas do governo registraram déficit de R$ 42,5 bilhões.
Com isso, houve uma queda na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o resultado positivo somou R$ 54,3 bilhões. Em valores corrigidos pela inflação, o saldo positivo de janeiro a junho de 2022 foi de R$ 59 bilhões.
Segundo a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2023, a previsão de déficit para este ano é de R$ 228,1 bilhões, mas a expectativa do Ministério da Fazenda é terminar este ano com um rombo menor, próximo a R$ 100 bilhões.
Para o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, algumas medidas que têm efeito sobre a arrecadação, como a reoneração dos combustíveis, vão impactar ‘mais fortemente’ no segundo semestre.
“Itens como reoneração de combustíveis, várias medidas que foram tomadas começam a impactar mais fortemente agora no segundo semestre (…) está dentro da nossa busca de continuar fazendo com que economia tenha bom desempenho”, explicou Ceron.
g1