Apesar de contar com os reservatórios das usinas hidrelétricas cheios, a conta de luz vai subir em 2024. Segundo a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), a alta pode chegar a 10,41%, a depender de discussões jurídicas sobre créditos de impostos. A expectativa da entidade é de que o aumento médio no País seja de 6,58%.
Ambos os valores ficam acima da expectativa da inflação oficial (IPCA) para este ano, que é de 3,9%. Em 2023, o índice ficou em 4,53%. Já segundo a consultoria Thymus Energia, o aumento médio no valor da tarifa mensal de energia deve ser de 4,8% em 2024. Ainda de acordo com a consultoria, na região Sul o aumento pode ser maior e chegar a 7,6%.
Outra previsão, dessa vez da TR Soluções, realizada por meio Serviço para Estimativa de Tarifas de Energia (SETE), estima que o aumento na conta de luz deve ser de, em média, 7,61% em todo o Brasil. “Em 2024, os consumidores residenciais devem perceber uma variação positiva de até 11,5% na maioria das concessionárias”, divulgou a empresa.
A diferença nas projeções para os reajustes — de 4,8% a 10,4% — ocorre porque o Congresso aprovou, em 2022, uma lei complementar direcionando aos consumidores um crédito de R$ 60 bilhões, em função de cobrança que foi considerada indevida de ICMS na base de cálculo de PIS/Cofins, na chamada “tese do século”.
A Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia (Abradee), no entanto, alega que esses recursos são das distribuidoras porque foram elas que pagaram os tributos e entraram com a ação, em 2002. Cerca de R$ 40 bilhões já foram utilizados por várias distribuidoras, o que ajudou na queda média de 8,3% nas contas de luz em 2023. Outros R$ 20 bilhões ainda podem ser direcionados aos consumidores nos próximos anos. A decisão, contudo, está pendente no Supremo Tribunal Federal (STF).
Além disso, os reservatórios mais cheios deveriam resultar em energia mais barata em razão da menor necessidade de acionamento das termelétricas, que são fontes mais caras. O problema, segundo consultorias, é o crescimento dos chamados “encargos do sistema”, como a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), com subsídios que precisam ser rateados por todos os consumidores.
Veja abaixo a estimativa de aumento médio no valor na conta de luz em 2024 (por região):
Região Sul: 7,6% de aumento;
Região Norte: 6,7% de aumento;
Região Sudeste: 4,7% de aumento;
Região Centro-Oeste: 4,7% de aumento;
Região Nordeste: 1,95% de aumento.
Como economizar na conta de luz, segundo a Órigo Energia:
1. Utilize lâmpadas LED
Utilize lâmpadas de LED em sua casa ou empresa. Elas costumam ser 80% mais econômicas que as incandescentes e 30% mais econômicas que as fluorescentes. Com sua popularização, o item se tornou mais acessível, podendo ser encontrado a partir de R$ 5.
2. Tire os eletrônicos da tomada
Mesmo na função stand-by, os eletrônicos ainda continuam consumindo energia. E se você acha que esse consumo é baixo, saiba que, somados, todos os eletrônicos da sua casa no modo de espera podem ser responsáveis por até 12% do consumo de luz.
3. Aproveite mais a luz natural
Usufrua ao máximo da luz vinda do sol. Para isso, vale pintar alguns ambientes da casa de branco ou cores claras, que ajudam a refletir a iluminação solar. Além disso, algumas atitudes, como utilizar cortinas translúcidas, mudar alguns móveis de lugar e manter as janelas abertas, ajudam a evitar lâmpadas acesas durante o dia.
4. Reduza o tempo e a frequência de alguns aparelhos
Procure juntar peças de roupas suficientes para encher a máquina de lavar para reduzir a quantidade de usos. Você também pode estabelecer uma meta de tempo no chuveiro e desligá-lo nos dias quentes, assim como passar um número maior de roupas de uma só vez para evitar ligar o ferro constantemente.
5. Se puder, contrate um serviço de energia solar
Fonte de energia limpa, renovável e barata, hoje é possível contratar um serviço de energia solar de forma simples e 100% digital. Essa modalidade, que já ganhou muitos adeptos no Brasil, pode gerar uma economia mensal na sua conta de luz.
6. Use o ar condicionado de forma moderada
Economizar energia com o ar-condicionado pode ser um desafio, pois ele é um dos aparelhos domésticos que mais consomem energia e impactam nas despesas. Para manter o ambiente ventilado, ele utiliza, em média, 800 watts de eletricidade, gerando um aumento considerável na conta de luz.
Dessa forma, mesmo em períodos de onda de calor, é importante utilizá-lo com moderação, dosando os momentos de uso e alternando-o com o ventilador para evitar um acúmulo nos gastos. Além disso, é crucial limpar o filtro regularmente para melhorar o rendimento e aproveitar o aparelho da melhor forma possível, sem desperdiçar as horas de utilização
7. Economize o tempo no chuveiro
O chuveiro é outro exemplo clássico de equipamento que consome muita energia elétrica. Dessa forma, para economizar, você pode reduzir o tempo de banho e fazer pausas, fechando-o em momentos que você fará procedimentos mais demorados, como se ensaboar.
Além disso, é importante que a resistência do aparelho não esteja queimada, pois o desgaste do material aumenta o consumo de eletricidade e pode causar acidentes.
8. Economize energia com a geladeira
A geladeira é um eletrodoméstico que precisa ficar ligado na tomada o tempo todo. No entanto, uma forma de economizar energia é verificar se não está tendo acúmulo de gelo nas paredes, pois dificulta o bom funcionamento do aparelho e puxa mais energia para refrigerar os alimentos.
Ademais, não a coloque em locais próximos à fonte de calor, como fornos e fogões, pois faz com que o ar frio e o ar quente entrem em contato e alterem a temperatura.
9. Modere o uso do ferro elétrico
O ferro de passar roupas ajuda no dia a dia, mas, por mais que seja prático e útil, não deve ser utilizado em excesso. A regra é clara: se não estiver usando, desligue-o. Mesmo que você vá alternar entre ligar um pouco para passar algumas roupas e, depois, parar, essa prática pode gerar o consumo excessivo de energia.
Assim, é melhor que você junte o máximo de roupas para passar de uma vez ou evite utilizar o ferro com muitos aparelhos ligados ao mesmo tempo, pois assim diminui a sobrecarga na rede.
10. Escolha eletrodomésticos eficientes.
Embora as mudanças nos hábitos da rotina ajudem, uma das melhores formas de economizar energia é optar por produtos que garantam um consumo menor — ou que cobrem menos pelo tempo de uso.
Por isso, pesquise bem e procure adquirir eletrodomésticos mais eficientes. Uma boa estratégia é observar as informações do produto, como a etiqueta energética.
Chuveiro é o maior vilão
Segundo o engenheiro eletricista, sócio e co-fundador da Engehall Elétrica, André Mafra, deste as opções de economia na conta de luz, o chuveiro representa o maior vilão.
Nesse caso, o especialista indica o investimento em um sistema de aquecimento solar ou a gás que elimine a necessidade de eletricidade no chuveiro.
“Em média, um kit de aquecimento para esses banhos fica em torno de 5 a 7 mil reais. Você pode inclusive financiar o valor todo no banco e a economia paga a prestação do sistema de aquecimento”, orienta Mafra.
A instalação do chuveiro a gás você ainda pode representar um custo, porém tende a ser menos que energia elétrica, na avaliação do especialista. Além disso, claro, economizar no tempo de uso do chuveiro. Se mesmo com as dicas as contas não diminuírem, Mafra indica a avaliação de uma possível fuga de corrente elétrica.
“A fuga de corrente pode ocorrer devido ou a uma falha de isolação de um cabo ou em uma emenda mal feita. Isso acontece porque a parte de cobre do condutor entra em contato com alguma parte que está aterrada, como por exemplo uma parede ou um vergalhão de ferro, e essa energia passa a ser conduzida por ali direto pra terra, ou seja, sua energia está “escorrendo” direto pra terra, igual um cano furado, aumentando sua conta de luz”, explica.
Para encontrar o possível vazamento, o consumidor deve acionar um eletricista profissional, já que ele deve seguir passos cuidadosos para identificar o problema.
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