A disparada da inflação, que atingiu em março 1,62%, puxada por transportes e alimentos, provoca uma perda de referência de preços na cabeça do consumidor e uma grande confusão na hora de ir às compras de supermercado.
Levantamento informal realizado na sexta-feira, 8, pela reportagem encontrou, na mesma loja, óleo de milho sendo vendido a preço de azeite, coxão mole (carne de primeira) elas por elas pelo bacalhau e até a cenoura in natura, uma das vilãs da inflação em março com alta de quase 32% no mês e 166,17% em 12 meses, pelo mesmo valor do quilo da maçã importada, R$ 15,90.
A garrafa de óleo de milho, o cereal pressionado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, saía por R$ 24,50, e o azeite português, pelo mesmo valor. No caso do bacalhau, em oferta, custava R$ 54,90, mesmo preço do coxão mole.
É bem verdade que em alguns casos existem diferenças nos volumes comparados. No caso do óleo de milho, a garrafa é de 900 mililitros e no azeite, de 500 mililitros. Também a embalagem do bacalhau congelado é de 800 gramas, e a carne bovina é vendida por quilo.
No entanto, o que choca o consumidor é que a ordem de importância dos produtos, que normalmente se reflete nos preços, foi abruptamente alterada. Na sua memória de preços, o brasileiro sabe que bacalhau e azeite, por serem produtos importados, sempre custam mais do que carne bovina e o óleo de milho, ambos produzidos nacionalmente.
A bagunça nos preços pega também a comparação de produtos nacionais e mais elaborados. É o caso do café, mesmo o Brasil sendo o principal produtor mundial.
A embalagem de 500 gramas de café torrado e moído foi encontrada por R$ 25,90, enquanto a caixa com 10 cápsulas de café para ser preparado na máquina era vendida por um preço até ligeiramente menor, R$ 25,20. Cada cápsula tem 52 gramas e, portanto, peso equivalente ao da almofada de pó de café. É bom lembrar que o café em cápsula passa por um processo de produção mais sofisticado do que o em pó.
Estadão Conteúdo