Motoristas de aplicativos de transporte do Distrito Federal cruzaram os braços nesta segunda-feira (15/5). O movimento reivindica reajuste nas taxas repassadas aos motoristas, que se concentraram no estacionamento do Shopping Popular, na Rodoferroviária, e saíram em carreata pelo Eixo Monumental até o Congresso Nacional.
As principais reivindicações da categoria são os reajustes das tarifas por quilômetro rodado, que passaria a ser de R$ 2, e a mínima por corrida para R$ 10. Jair Almeida, liderança do movimento e motorista há nove anos, lembra que, em 2016, o motorista recebia R$ 1,60 por quilômetro rodado, valor que caiu para em torno de R$ 1,10, no aplicativo da Uber. “Desde que a atividade foi autorizada por lei, em 2018, a situação foi piorando. A lei não traz benefícios para os motoristas”, conta.
Jair também explica que a forma com a qual o aplicativo da Uber funciona está fazendo com que os motoristas cancelem corridas com mais frequência. “Antes de aceitar a corrida, o app indica que o passageiro está a uma certa distância. Quando aceitamos, em muitos casos, essa distância aumenta, o que pode não compensar para o motorista”, conta.
Harley Valadares, 70, participou do movimento. Ele é motorista há três anos e diz que a Uber tem ficado com até 40% do valor da corrida. “Numa corrida de R$ 50, a Uber fica com R$ 20, por exemplo. E o app ajuda em nada, nem com gasolina, seguro, manutenção ou a reposição dos veículos. Tudo é pago pelo motorista”, reclama.
A mobilização está ocorrendo em todo o país. Em Brasília, as reivindicações são principalmente aos aplicativos da Uber e 99Pop.
Aplicativos
Procurada pelo Correio, a Uber disse que a Associação de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) é a entidade mais adequada para se manifestar sobre o assunto. A 99Pop informou que ouve cerca de 2 mil motorista todos os meses e adota soluções permanentes para incrementar os ganhos no app, como a Taxa Garantida, que assegura aos condutores a taxa máxima semanal de até 19,99%; o Adicional Variável de Combustível, auxílio no ganho que aumenta sempre que os preços dos combustíveis sobem; e Kit Gás.
A Amobitec disse que respeita o direito de manifestação e informou que as empresas associadas mantêm abertos seus canais de comunicação com os motoristas parceiros, reafirmando a disposição para o diálogo contínuo, de forma a aprimorar a experiência de todos nas plataformas.
A Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), responsável por regulamentar e fiscalizar o serviço de transporte remunerado privado individual de passageiros, não respondeu ao Correio até a publicação desta matéria.
Correio Braziliense