Minha Brasília amarela: árvore que é símbolo da cidade entra em cena

Os ipês-amarelos começam a despontar pelas ruas, com suas floradas que encantam brasilienses e turistas. É tempo de sacar o celular do bolso e fazer aquela bela foto

Foto: Marcelo Ferreira

A chegada da temporada de ipês no Distrito Federal é um espetáculo aguardado pelos brasilienses. Neste período, a paisagem da capital ganha ainda mais vida com as flores dessas árvores que espalham beleza pela atmosfera da cidade, castigada pelo período de seca. Em 2023, os ipês amarelos começaram a florescer em meados de julho e, neste ano ano, atrasados, começaram a florescer na metade de agosto, de forma tímida, mas exuberante.

Segundo o biólogo, João Arthur Rabello, a floração dos ipês amarelos costuma acontecer de julho a setembro e, dentro dessa janela, existem variações que são normais. “Às vezes começa mais cedo, logo no começo do trimestre, ou no meio, mas, dessa vez, realmente estamos em meados de agosto e eles estão vindo agora. Está tudo dentro da faixa normal de floração, que é na seca. Dizemos que abriu a temporada”, afirma ao Correio.

A floração da árvore é um reflexo do clima sazonal do Cerrado, de acordo com Rabello. “Aqui em Brasília, a gente brinca que existem duas estações: a seca e a chuvosa. O florescimento dos ipês é bem marcado e intenso durante esses grandes períodos. Quando há uma queda na temperatura é isso que induz o desenvolvimento dessas espécies”, disse o biólogo.

Rabello explica que, na capital, as espécies mais comuns de ipê-amarelo são o Handroanthus serratifolius e o Handroanthus chrysotrichus. No entanto, ele lembra que elas podem ser encontradas em várias cores e em grande parte do país. “Somando os tipos de ipês roxos, rosas, amarelos, brancos e verdes, temos mais de 30 espécies no Brasil. Elas ocorrem em todos os biomas, como Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica”, detalha.

Apreciadores
A goiana, Lisandra Santos, 46 anos, e o mineiro, José Henrique do Espírito Santo, 47, vivem em Brasília há mais de uma década. Para eles, o desabrochar dos ipês é um espetáculo que não pode passar despercebido. “Todo ano, tentamos tirar fotos deles de todas as cores: roxo, amarelo, branco e rosa. Ainda não completamos a coleção, mas seguimos tentando”, conta empolgada. O casal, que trabalha no Setor de Autarquias Sul, aproveitou o intervalo do almoço para registrar o momento em meio a cerca de 12 ipês floridos na região.

Para Maria de Fátima Silva, 69 anos, a relação com a árvore vai além das fotografias. Moradora da 402 Norte há 15 anos, ela acompanha de perto a floração. “Ontem, peguei um ônibus só para dar uma volta e ver os ipês. Mesmo que ainda não estejam todos floridos, é muito bom contemplá-los”, relata. Além disso, ela se tornou uma entusiasta do plantio da árvore. “Já plantei cinco no meu bloco, um rosa, um amarelo e até um verde, que tem uma flor que parece uma folha”, assinala.

O ipê amarelo, por sua vez, se tornou unanimidade quando se fala em beleza. “O amarelo é o que mais se destaca, principalmente com o céu azul de Brasília. É impossível passar por ele e não tirar uma foto”, afirma Lidiane Amâncio, 34, que, junto com sua colega Mayara Batista, 29, não perde a oportunidade de registrar o momento. “É uma das maravilhas de Brasília, e aproveitamos o tempo do trabalho para escapar e tirar umas fotos”, compartilha Batista.

Localizador
Desenvolvido pela bióloga Paula Sicsú, 34, o aplicativo Ipês foi criado com o objetivo de facilitar a vida dos amantes dessas árvores que chamam a atenção pelo colorido de suas flores. A plataforma permite que o usuário localize, através de um mapa interativo, a exata posição das espécies na cidade. Além disso, é possível filtrar as árvores por cor: amarelo, roxo, rosa ou branco, e até limitar o raio de busca, tornando mais simples a missão de encontrar as árvores mais próximas.

A principal motivação de Paula para desenvolver o App foi a dificuldade em encontrar informações centralizadas sobre as árvores. “Sempre que saía para procurar um ipê bonito era uma saga para saber onde tinha um. Queria poder já programar um passeio sabendo onde eles estavam e imaginei que outras pessoas também pudessem gostar”, explica.

A bióloga destaca a importância de poder compartilhar registros desses momentos. “É legal poder ver fotos que os apreciadores tiram. Em resumo, a ideia é ter um ambiente de partilha de informações e imagens para quem gosta de admirar os ipês”, observa. A relação dela com as árvores vai além da estética. “Eles alegram meu viver. Sempre que passo na frente de um estonteante, abro um sorriso largo e saio mais feliz. Eles embelezam a cidade nesse momento árido, colorindo a seca”, revela.

Arborização
A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) está à frente do projeto de arborização da cidade. Segundo a instituição, a meta é arborizar todas as regiões administrativas do DF, serviço que resultou no plantio de mais de 5,5 milhões de árvores.

Para o ano de 2024, a meta de plantio de 100 mil árvores está em andamento. O projeto inclui uma variedade de espécies, mas os ipês ganham destaque. Cerca de 40 mil mudas de ipês serão plantadas até o fim deste ano, colorindo ainda mais as ruas e parques da capital. A plantação será intensificado a partir de outubro, pois marca a chegada do período chuvoso na capital, e deve ser concluído em dezembro.

Atualmente, o DF abriga cerca de 270 mil espécies de árvores, e a diversidade e o cuidado com cada uma delas fazem parte da estratégia de urbanização sustentável promovida pela Novacap. A Companhia sublinha que a florada dos ipês segue um calendário natural.

Correio Braziliense

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