Visitantes de um parque em Campinas, no interior de São Paulo, quebraram o vidro de uma jaula para resgatar uma irara na tarde de sexta-feira (21). O animal, que tinha dificuldades de locomoção, foi atacado por outro da mesma espécie.
O episódio aconteceu na área de zoológico do Parque Bosque dos Jequitibás, destinada à reabilitação de animais resgatados —a iniciativa da prefeitura realiza o trabalho de soltura das espécies recuperadas e mantém sob cuidados daqueles inaptos à reambientação silvestre.
Uma visitante que passava em frente ao canteiro das iraras com os filhos percebeu a movimentação estranha e tentou assustar o animal agressivo. Segundo ela, ele parava quando batiam no vidro, mas voltava a morder e arrastar a companheira, Jade, em seguida.
Sem sucesso, a mulher pediu que um de seus filhos fosse à administração do local chamar os responsáveis pelo parque. “O guarda que estava na portaria disse que [o comportamento] era normal, e não tinha ninguém [para ajudar], nem tratador, nem veterinário, nem direção, nenhum responsável”, afirma.
Os gritos da irara chamaram a atenção de outros visitantes, que também tentaram intervir na situação. Sem saberem o que fazer, cerca de 10 pessoas decidiram quebrar o vidro com uma pedra para resgatar o animal machucado.
Segundo a moradora de Campinas, seu filho, de 15 anos, entrou no canteiro junto com outra mulher para resgatar Jade. Um guarda do local que acompanhava a movimentação popular se posicionou à frente do vidro quebrado para impedir que o outro animal fugisse.
“Até então, o guarda falava que não tinha telefone de ninguém, que não conseguia falar com ninguém. Aí ele falou no rádio que ‘meliantes’ tinham quebrado o vidro e outros guardas do bosque desceram e ficaram lá”, relata.
Apesar da fala, a visitante afirma que o grupo não sofreu represália: “Eles viram que a situação foi extrema. O nosso intuito não era quebrar nada, estragar nada —até porque aquilo ali a gente mesmo que paga.”
Foi aí que uma funcionária do teatro do bosque disparou uma série de ligações, até conseguir o telefone do veterinário responsável pelos animais. Ele entrou em contato com outro profissional, que compareceu ao local.
“O que nos deixou mais indignados é que a Jade é um animal deficiente, ela não anda, tem paralisia nas pernas. Não era para estar no convívio de outro animal saudável, e não deveria estar exposta para a gente ver”, disse a visitante.
Sobre a ação do filho, ela comenta: “Eu fiquei com medo na hora, porque a gente não sabe a reação do outro animal, mas foi muito satisfatório. Se ele não tivesse salvado a Jade, ela teria morrido ali”.
Toda a situação se passou num período de duas horas. Segundo a campineira, eles perceberam os ataques por volta das 15h, passaram cerca de uma hora acionando autoridades locais, e o veterinário chegou por volta das 17h, quando prestou atendimento ao animal.
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