Esplanada se mobiliza para rebater críticas de indígenas

Secretaria de Comunicação pediu a todos os
ministérios para divulgar em suas redes sociais respostas do governo à
mobilização de indígenas

Foto: Hugo Barreto

De repente,
a preocupação com os povos indígenas se tornou a principal inquietação do
governo federal – pelo menos, nas redes sociais. Pressionada pela 
repercussão no Brasil e no mundo denúncias de
abandono e de genocídio feitas por lideranças dos povos originários
, a gestão Bolsonaro instruiu as equipes de
comunicação de todos os ministérios a ajudar a rebater as críticas e divulgar
as ações do governo em relação aos indígenas, o que tem sido feito pela maioria
dos órgãos nos últimos dois dias.

 

A fonte das postagens que
têm sido divulgadas pela Esplanada toda é a Secretaria de Comunicação (Secom)
da Presidência da República, que disparou dezenas de notas desde o fim da
semana passada acusando de “mentira” denúncias que têm sido feitas por
indígenas que foram à Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas
(COP26), na Escócia, em reportagens e em um filme que estreou na Netflix.

 

No domingo, dia 14 de
novembro, a Secom orientou as equipes de comunicação dos ministérios a entrar
no esforço para combater as críticas.

 

A orientação foi seguida
pela maioria dos órgãos entre o domingo e a segunda (15/11). Postagens
defendendo as ações do governo em relação aos indígenas foram replicadas em
contas de Twitter, Instagram e Facebook de pastas que têm pouco a ver
diretamente com o assunto, como os ministérios do Trabalho; Turismo;
Infraestrutura; Ciência e Tecnologia; Desenvolvimento Regional; Agricultura;
Casa Civil e Secretaria de Governo. Pastas com mais afinidade com o tema, como
a da Saúde; a da Educação; a da Cidadania e a dos Direitos Humanos (Mulher e
Família) também aderiram.

 

Estranhamente, o Ministério
do Meio Ambiente foi um dos poucos a não atender o pedido da Secom, juntando-se
às pastas da Economia; de Minas e Energia e à Advocacia-Geral da União (AGU).

 

O que dói no governo

O
protagonismo que a delegação de indígenas brasileiros conquistou na COP26,
repercutindo em Glasgow e na mídia mundial denúncias sobre riscos novos e antigos
que sofrem essas etnias, irritou profundamente o governo federal.

 

Após
discursar na abertura do evento e dizer que os animais estão desaparecendo, os
rios, morrendo, e seus parentes sendo vítimas de crescente violência, Txai
Suruí, liderança de 24 anos do povo Paiter Suruí, de Rondônia, se tornou alvo
do próprio presidente Jair Bolsonaro e foi intimidada por um membro da comitiva
do governo na Escócia.

 

A
preocupação governamental escalou com a estreia na Netflix do filme A Última
Floresta
 dirigido por Luiz Bolognesi e com roteiro do líder
yanomami Davi Kopenawa, que denuncia os graves problemas causados pela invasão
de milhares de garimpeiros à reserva yanomami, em Roraima. A obra está cotada para concorrer ao
Oscar
 de Melhor Documentário e rende críticas positivas pelo
mundo.

 

A
“cereja do bolo” no incômodo governamental foi uma longa e detalhada
reportagem exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo
, no último
domingo (14/11), denunciando a crítica situação de crianças yanomami que
convivem com malária e desnutrição crônica.

 

As respostas

As
postagens do governo federal tentam responder a todas essas críticas e divulgam
as ações de órgãos públicos no atendimento aos indígenas brasileiros,
principalmente os yanomami, que são cerca de 30 mil e convivem com um número
estimado de 20 mil garimpeiros
ilegais em suas terras
.

 

Nenhuma
das postagens responde, porém, porquê o governo não cumpriu ordem do STF de
maio deste ano para “retirada urgente” dos invasores garimpeiros. Nem porquê o
Ministério da Saúde enviou para a reserva milhares de comprimidos para tratar a
Covid-19, sendo que o remédio não tem eficácia contra a doença e sim contra a
malária, mas para essa doença estão faltando suprimentos.

 

 

 

 

 

(Metrópoles) www.jornalaguaslindas.com.br

 

 

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