O volume de chuvas que tem castigado o estado de Minas Gerais neste início de 2022 deve reduzir a partir desta quinta-feira (13). Há, porém, previsão de volta em fevereiro das nuvens carregadas na região.
O acúmulo de chuvas no estado é causado pela formação do fenômeno chamado Zona de Convergência do Atlântico Sul, que é normal para esta época chuvosa do ano, mas foi intensificado pelo La Niña, de acordo com especialistas.
A Zona de Convergência do Atlântico Sul é caracterizada pela formação de nuvens de umidade que vêm da região amazônica e cortam o país pelo Centro-Oeste, em direção ao oceano Atlântico, e estacionam entre o norte de Minas e o sul da Bahia.
A diferença neste ano é a intensidade do fenômeno, causada pela influência do La Niña, segundo o professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP (Universidade de São Paulo) Pedro Luiz Cortês. “O agravamento é causado pelas mudanças climáticas”, diz.
Em dezembro, a Zona de Convergência do Atlântico Sul passou pela Bahia, onde também causou enchentes e destruição.
Em Minas, a nuvem de umidade chegou na última quarta-feira (5) e deve perder força a partir de quinta-feira (13), segundo a meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) em Belo Horizonte Anete Fernandes.
De acordo com ela, a Zona de Convergência do Atlântico Sul foi intensificada em Minas Gerais após se deparar com uma frente fria no litoral do Rio e de São Paulo.
Além disso, as chuvas foram potencializadas pela área de baixa pressão na média atmosfera, situação em que a circulação de ar fica quase parada.
Isso fez com que Belo Horizonte e os municípios do entorno registrassem 300 mm de chuvas nos últimos três dias, a média esperada para todo o mês de janeiro na região.
Segundo a meteorologista, a atual situação climática do estado se diferencia de 2020, quando chuvas volumosas causaram mortes e destruição em Minas Gerais, porque desta vez a alta precipitação ocorreu de forma espalhada, em vez de concentrada em apenas uma região, como aconteceu há dois anos.
Nesta segunda-feira (10), um alagamento provocou o rompimento de uma ponte na cidade de Nova Era, a 140 km de Belo Horizonte, e os bombeiros retiraram moradores sob risco de novas enchentes e deslizamentos.
No fim de semana, houve uma morte em Belo Horizonte, em razão do desabamento de uma casa, e outra em Betim. Na capital, a estrutura de um prédio cedeu após as fortes chuvas.
De acordo com o boletim mais recente da Defesa Civil do estado, há 145 municípios em situação de emergência.
Apesar de não ter sido causada pelo excesso de chuvas, a queda de parte dos cânions de Capitólio foi influenciada pelo evento atípico, afirma Cortês. “Lá ocorreu um fenômeno natural de desgaste da rocha que poderia ter acontecido num dia seco, mas a chuva ajudou.”
J.Br