Em diferentes trechos de seu
depoimento, Bolsonaro atacou Moro, o ex-aliado que agora pode ser seu
concorrente nas eleições 2022.
O presidente repetiu
a acusação de que o ex-juiz da Lava Jato teria concordado em colocar o delegado
Alexandre Ramagem na chefia da PF “desde que ocorresse após a indicação do
ex-Ministro da Justiça à vaga no Supremo Tribunal Federal”.
Além disso, afirmou que o ex-ministro
estava “administrando a pasta sem pensar no todo, sem alinhamento com os demais
ministérios e o Gabinete da Presidência”.
Em nota, a defesa do ex-ministro
Sérgio Moro reagiu ao fato de que não foi comunicada do depoimento, “impedindo
seu comparecimento a fim de formular questionamentos pertinentes” (leia a
íntegra da nota ao fim da matéria).
O ex-decano Celso de Mello, ao
determinar que Bolsonaro prestasse o depoimento presencialmente, havia
autorizado os advogados do ex-juiz a formularem perguntas a serem feitas ao
chefe do Executivo.
A forma de oitiva do presidente no
âmbito da investigação se tornou um impasse no Supremo Tribunal Federal.
Bolsonaro recorreu à corte para depor por escrito, depois quis “desistir” da
oitiva e, no início de outubro, manifestou “interesse em depoimento mediante
comparecimento pessoal”, um ano depois do início do impasse que travou as
investigações.
Após Bolsonaro informar à corte que
iria depor por escrito no inquérito, o ministro Alexandre de Moraes, relator da
investigação no STF, determinou, no dia 7 de outubro, que a PF ouvisse o
presidente em até 30 dias, mediante “prévio ajuste de local, dia e hora”.
O depoimento de Bolsonaro era uma das
últimas etapas para a conclusão do inquérito. Assim que for finalizado, o
relatório da PF será enviado à Procuradoria-Geral da República, a quem cabe
decidir se há provas suficientes para a apresentação de uma denúncia contra o
presidente.
Com a palavras, a defesa de Moro
“A
Defesa do ex-ministro Sérgio Moro foi surpreendida pela notícia de que o
presidente da República, investigado no Inquérito 4831, prestou depoimento à
autoridade policial sem que a defesa do ex-ministro fosse intimada e comunicada
previamente, impedindo seu comparecimento a fim de formular questionamentos
pertinentes, nos moldes do que ocorreu por ocasião do depoimento prestado pelo
ex-ministro em maio do ano passado. A adoção de procedimento diverso para os
dois coinvestigados não se justifica, tendo em vista a necessária isonomia entre
os depoentes.
Rodrigo Sánchez Rios.
Advogado do ex-ministro Sergio Moro”
(Estadão)
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