Até hoje muitas pessoas usam a expressão “comida de hospital” para falar de refeições que acham insossas ou com pouco sabor. Mas engana-se quem pensa assim. No Hospital Bom Jesus, em Águas Lindas de Goiás, a feijoada e o peixe frito fazem sucesso entre os colaboradores. Já os pacientes gostam bastante dos lanches, como a salada de frutas e o bolo de banana com passas. Isso para falar só de quatro itens do cardápio do hospital.
A cozinha da unidade é responsável pelo preparo e distribuição de cerca de 250 refeições grandes por dia, fora os quatro lanches. O setor funciona 24 horas, nos sete dias da semana, e envolve o trabalho de 13 profissionais. A equipe do SND – Serviço de Nutrição e Dietética é coordenada pela nutricionista Nathana Laís.
Para cada paciente, um tipo de refeição
Na assistência à saúde, o atendimento deve ser individualizado, inclusive quanto à alimentação. Na cozinha do Hospital Bom Jesus, as refeições seguem as dietas prescritas pelos nutricionistas e estão relacionadas ao quadro de saúde do paciente.
Para pacientes com alergia alimentar, por exemplo, a equipe toma cuidado para evitar qualquer contaminação, inclusive separando utensílios para deixá-los livres da substância ou do alimento alergênico.
Na prescrição, preparo e distribuição, todos que atuam no setor são envolvidos nesse cuidado. Primeiro, os nutricionistas fazem a avaliação do paciente, elaboram o plano terapêutico e criam o mapa da dieta, colocando nome do usuário, leito, idade e o tipo de refeição. Se o paciente for diabético, hipertenso, intolerante a lactose ou tiver restrição a qualquer nutriente, a informação estará descrita nesse documento.
Checagem dos dados para entrega segura
A comida ficou pronta? É hora de separar as refeições com muita atenção. A identificação do paciente é fundamental para que o alimento chegue à pessoa certa. Para isso, a equipe confere o nome do usuário no mapa da prescrição e coloca a informação na tampa da embalagem.
Durante a entrega nos quartos, os auxiliares de cozinha fazem uma nova checagem para garantir que o paciente, o leito e a dieta estão corretos. Esse processo segue o Protocolo de Identificação do Paciente, uma das metas internacionais de Segurança do Paciente, evitando danos à saúde dos usuários.
Maria Luciana da Silva é auxiliar de Cozinha na unidade. Segundo ela, o serviço exige muita atenção e agilidade.
“A gente tem uma responsabilidade muito grande porque não pode trocar as refeições de jeito nenhum. Nem ceder aos pedidos do paciente, quando quer mais sal ou até mais comida do que o prescrito na dieta”, conta a colaboradora.
Treinamentos periódicos reforçam boas práticas
Para atender os Protocolos de Segurança do Paciente e as normas técnicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, os profissionais da cozinha hospitalar fazem cursos e treinamentos periodicamente, como o de boas práticas de manipulação.
Quem cuida das dietas enterais também segue cuidados rigorosos. Elas são dietas líquidas prescritas para pacientes que se alimentam por sonda. Durante os treinamentos, as equipes são orientadas sobre os riscos do preparo inadequado, a importância da esterilização dos utensílios e a circulação restrita no setor. Isso é necessário para evitar contaminação.
Visitas diárias combatem desinformação nutricional
Nas unidades ISAC, o incentivo à alimentação saudável vai além do que é preparado e servido nas cozinhas hospitalares. Por isso, durante as visitas diárias, os nutricionistas aproveitam para tirar as dúvidas dos pacientes sobre como se alimentar melhor.
“Por falta de informação, alguns pacientes acham que não podem comer isso ou aquilo. Por exemplo, o diabético acredita que não pode comer cuscuz ou beterraba. Outros, por estarem doentes, acreditam que precisam de comida forte, como costela, mocotó e dobradinha. Mas esses alimentos são fortes demais e podem prejudicar a digestão”, explica Nathana.
Primeira horta hospitalar do ISAC
O ISAC – Instituto Saúde e Cidadania, responsável pela gestão da unidade, inaugurou neste mês o Centro de Alimentação Saudável no Hospital Bom Jesus. A estrutura integra cozinha, refeitório e horta.
A unidade é a primeira do ISAC a ganhar uma horta orgânica. Ali, as hortaliças são cultivadas livre de agrotóxicos e adubos químicos, contribuindo para uma alimentação saudável e para a sustentabilidade na área da saúde.
ISAC – Instituto de Saúde e Cidadania
Gestão de Comunicação