Por que alimentar poedeiras com duas dietas diferentes ao dia? Entenda como a formação do ovo altera exigências nutricionais

Nutricionista da Trouw Nutrition explica como o fornecimento de nutrientes específicos ao longo do dia reduz os custos de produção e melhora a qualidade de casca dos ovos

Alimentação de poedeiras, Galináceos, Formação de ovos
Foto Reprodução

Gabriel Miqueleti
“Se as necessidades fisiológicas das aves são diferentes ao longo do dia, por que oferecer a mesma dieta? Planejar estrategicamente o fornecimento nutricional pode reduzir os custos de produção em até U$6,00/ton de ração e aumentar a produtividade. Isso porque a ave absorverá de forma eficaz os nutrientes que condizem com suas necessidades, evitando assim o desperdício”. Este é o alerta de Otávio Rech, nutricionista de Aves LATAM da Trouw Nutrition. O conceito sobre o qual o especialista se refere é conhecido como Split Feeding.

Para atender às exigências nutricionais das aves de postura, o nutricionista destaca que é preciso conhecer os diferentes estágios da produção. “As galinhas põem mais de 90% de seus ovos durante a manhã e, 30 minutos após a oviposição, começa a próxima ovulação. A clara é formada durante as primeiras 4 horas. Depois de formar membranas de casca, tem início a formação da casca do ovo que requer deposição de cálcio por aproximadamente 20 horas. Logo, o intervalo entre as oviposições é de aproximadamente 24 horas”, explica Rech.

O especialista da Trouw Nutrition reforça que no período matinal os requisitos nutricionais são de mais energia, proteína e fósforo, enquanto na parte da tarde a demanda por cálcio é maior. “Ao fornecer o mesmo alimento, o avicultor não consegue suprir as exigências energéticas da manhã e ainda provoca aumento de consumo de energia ao fim do dia, devido à necessidade de atender à demanda de cálcio. Da mesma forma, é possível observar consumo deficiente de proteína pela manhã e excessivo no período da tarde”.

Segundo Otávio Rech, é possível atingir o objetivo de produção oferecendo uma única dieta, mas as aves tentam de forma ineficaz selecionar os nutrientes levando em consideração o estágio de formação do ovo. Logo, oferecer apenas um tipo de dieta resulta em excesso ou deficiência de nutrientes e, consequente, eficácia inferior no processo produtivo.

“Quando o Split Feeding é implantado na granja, os custos de produção caem, pois os nutrientes passam a estar presentes na hora e função adequadas, de forma mais precisa. Isso se reflete em melhoria da qualidade da casca, maior persistência e menor mortalidade, com aumento geral da produção de ovos vendáveis por ave alojada. Consequentemente, a técnica também contribui com o meio ambiente, já que menos nutrientes são excretados pelas fezes com menores índices de emissões de CO2”, pontua Otávio.

O programa de Split Feeding foi estudado e desenvolvido pela Trouw Nutrition, usando duas dietas que têm como base nutrientes necessários para a formação do ovo. A dieta matinal representa 40% do total diário e inclui proteína balanceada, mais energia e fósforo. Os 60% restantes contêm maior teor de cálcio, mas menor nível de energia, proteína e fósforo, já que o foco aqui é a formação da casca.

“Não podemos nos esquecer que apenas o nutricionista pode indicar corretamente a melhor dieta para cada granja, pois há outros fatores envolvidos na produção comercial de ovos, como o comportamento e a fisiologia das aves. Também é preciso considerar as diferentes técnicas de processamento de matérias-primas que afetam a biodisponibilidade de determinados nutrientes, bem como o seu impacto na absorção pelo organismo das aves. É o que chamamos de nutrição de precisão: mais do que apenas oferecer alimentos, é necessário proporcionar o máximo desempenho zootécnico e econômico da granja”, completa o nutricionista da Trouw Nutrition.

Devido às suas particularidades, a estratégia nutricional Split Feeding só deve ser implementada por profissionais experientes e amparados por modelos de formulação desenvolvidos especificamente para isso.

Últimas notícias