Crusoé: Reduzir exigências educacionais empobrece a todos

A flexibilização de critérios de seleção compromete a preparação profissional e a qualidade dos serviços públicos

Foto: IA por Alexandre Borges

A ideia de reduzir critérios de seleção em profissões essenciais, como bombeiro ou policial, muitas vezes é vendida como uma forma de inclusão e democratização do acesso. Essa é, na verdade, uma armadilha. Ao baixar os padrões, comprometemos a qualidade dos serviços prestados, e o resultado é um empobrecimento geral da sociedade. O que parece ser uma solução justa é, na realidade, uma manobra demagógica que favorece líderes populistas e esconde um preconceito elitista.

Líderes populistas defendem a flexibilização dos critérios educacionais e profissionais sob o pretexto de incluir mais pessoas. Na prática, essa estratégia serve apenas para perpetuar estruturas de poder. Enquanto oferecem promessas fáceis de acesso, eles e suas famílias continuam a frequentar escolas de elite e utilizar os melhores serviços, onde os critérios de seleção seguem rigorosos e tradicionais.

O discurso é de democratização, mas o resultado é uma sociedade profundamente desigual, na qual a maioria recebe serviços de qualidade inferior prestados por profissionais despreparados.

Esse discurso que promete acesso facilitado e diplomas sem esforço serve apenas à perpetuação de um sistema que beneficia os mais privilegiados. Em vez de promover a verdadeira inclusão, mantém a população dependente de soluções temporárias, enquanto a elite continua a garantir os melhores serviços para si mesma, assegurados por profissionais selecionados com base no mérito e na competência.

Elitismo disfarçado de inclusão
Essa falsa inclusão esconde, na realidade, um preconceito enraizado: a crença de que os pobres são incapazes de aprender, estudar e se desenvolver plenamente.

Essa visão elitista da aristocracia ocidental considera que exigir padrões elevados seria injusto com aqueles que vêm de condições mais difíceis, como se o esforço e a excelência estivessem fora do alcance da população mais pobre.

Ao promover a flexibilização dos critérios, essa aristocracia perpetua a ideia de que certas pessoas não são capazes de superar desafios educacionais ou profissionais, o que é, em essência, uma forma de preconceito.

Jonathan Haidt aponta que esse tipo de paternalismo, comum na esquerda, foca apenas em sentimentos de cuidado e empatia, mas ignora a importância de valores como mérito, esforço e responsabilidade. Ao nivelar por baixo, oferecem uma visão condescendente e elitista da inclusão.

O que essas políticas ignoram é que os indivíduos de todas as classes sociais são capazes de alcançar excelência, desde que recebam as oportunidades e o apoio necessários. Reduzir os padrões para “facilitar” o caminho dos mais pobres não é inclusão; é desvalorização de seu potencial.

A busca pela redução dos padrões de seleção reflete, além de preconceito, um uso demagógico da educação. Como destaca Thomas Sowell, ao tentar igualar os resultados por meio da diluição das exigências, estamos apenas enfraquecendo o sistema como um todo.

Em vez de preparar mais pessoas para o sucesso, estamos nivelando por baixo, prejudicando tanto os mais qualificados quanto aqueles que mais precisam de uma educação sólida.

Profissões essenciais, como bombeiro e policial, exigem preparo técnico e físico rigoroso, e flexibilizar essas exigências é comprometer a segurança e a eficiência dos serviços públicos. Ao substituir o mérito e a competência por um discurso de inclusão ilusória, os populistas minam a formação dos indivíduos e a qualidade dos serviços prestados, perpetuando a desigualdade e a dependência.

O Antagonista

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