Existem três indústrias em que ninguém supera o brasileiro: defender pilantras, atacar gente séria e bem-sucedida e fazer memes. Se memes dessem liderança internacional ou dinheiro, o Brasil já teria virado a Noruega. O brasileiro ama meme, e isso ficou claro na recente onda de memes envolvendo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Eu não duvido que até petistas estejam fazendo memes do Haddad, só pelo prazer de fazer memes. Esse fenômeno incendeia a internet. Não dá para dizer que é tudo espontâneo, mas também não dá para afirmar que é tudo pago. As coisas na internet são complexas. Muitos influencers, que vivem de enganar trouxas, querem simplificar a situação dizendo que é tudo pago, enquanto outros argumentam que conhecem alguém que fez um meme sem receber nada.
Na verdade, a situação é mais entrelaçada. Não houve uma campanha formal lançada para criar memes contra o Haddad. Quem o lançou na fogueira foi Janja, a primeira-dama. Quando a taxa da Shein virou assunto, Janja mentiu para o perfil Choquei e jogou Haddad no meio da história, e isso ganhou muita repercussão.
A partir daquele momento, em um universo que não tem muito a ver com política e é muito tóxico, as palavras “Haddad” e “taxa” começaram a andar juntas. Não ouvimos mais falar em imposto, mas em taxa, especialmente após o episódio da “taxa das blusinhas”.
A economia está incomodando as pessoas. As compras estão caras, mesmo para quem tem dinheiro. O governo chegou ao poder com promessas de taxar grandes fortunas e acusava o governo anterior de favorecer ricos e massacrar os pobres. Agora, vemos um Robin Hood ao contrário. Empresas envolvidas em corrupção que confessaram seus crimes estão sendo liberadas de pagar multas bilionárias e o rombo orçamentário precisa ser coberto pelo povo.
Temos a situação das empresas Odebrecht e JBS, que já devolveram bilhões ao Estado, sendo dispensadas de pagar o que ainda deviam de multas. Ao mesmo tempo, ouvimos falar em novas taxas: de aplicativos, das “blusinhas”, entre outras. E onde estão os cortes de despesas? Não ouvimos falar em cortar despesas.
O clima é propício para memes. A vontade do brasileiro de tirar sarro de tudo, combinada com Janja jogando o nome de Haddad no meio da conversa de influencers, criou a tempestade perfeita. Os adversários políticos surfaram nessa onda, com pessoas pagas para fazer isso, profissionais de redes sociais e equipes de influencers.
É admirável que no PT, não exista nenhum esquema profissional para defender alguém além de Lula ou Janja. Haddad foi deixado na chuva, sem uma defesa organizada, mesmo sendo um dos ministros mais importantes do governo. Por que será?
O Antagonista