Os cerca de 150 analistas do mercado financeiro consultados semanalmente em pesquisa realizada pelo Banco Central (BC) voltaram a elevar nesta semana as projeções tanto para a inflação como para a taxa de juros do país. É isso o que mostra a última edição do Relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira (3/6) pelo BC.
Agora, o mercado estima que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, deve terminar este ano em 3,88%, ante 3,86% na semana passada e 3,72% há quatro semanas. Esse foi o quarto aumento seguido da previsão para o IPCA em 2024.
Além disso, também aumentaram as estimativas para o IPCA dos próximos dois anos. Para 2025, ela foi de 3,75% para 3,77%. Há quatro semanas, estava em 3,64%. No caso de 2026, depois de 46 semanas, a previsão subiu na semana passada de 3,50% para 3,58%. Desta vez, deu novo repique, atingindo 3,60%. Para 2027, ela permanece em 3,50%.
Selic tem nova alta
No caso da Selic, a projeção para 2024, que havia permanecido estável na semana passada, aumentou novamente. Passou de 10,00% para 10,25% ao ano. Hoje, a taxa está em 10,50%. Isso quer dizer que, para os analistas, ela só será reduzida em 0,25 ponto percentual até o fim deste ano.
A taxa para 2025, que permanecia estável havia cinco semanas, também aumentou. Foi de 9% para 9,18% ao ano. As taxas de 2026 e 2027 não foram alteradas e continuam em 9%.
Incertezas
A estimativa para os juros básicos sofreu forte reversão há pouco mais de um mês. A partir de 22 de dezembro e durante as 16 semanas seguintes, o mercado manteve a previsão em 9% ao ano para 2024. Há seis semanas, no entanto, os especialistas aumentaram o número para 9,13% e, a seguir, para 9,50%. Depois, ele passou para 9,63% e 9,75%.
A ascensão da estimativa dos juros básicos tem sido resultado do avanço das incertezas na economia tanto no campo internacional como no doméstico. No exterior, está cada vez mais distante a perspectiva de redução de juros nos Estados Unidos em um curto prazo.
Fiscal e RS
No cenário interno, as dúvidas reverberaram de forma mais intensa desde a mudança da meta fiscal para os anos de 2025 e 2026, anunciada pelo governo Lula no mês passado. A tragédia no Rio Grande do Sul piorou esse quadro.
Por conta dessas dúvidas, o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, reduziu o ritmo de cortes dos juros no Brasil, em sua última reunião, nos dias 7 e 8 de maio. Na ocasião, a taxa foi cortada em apenas 0,25% ponto percentual.
PIB sem alterações
No último Relatório Focus, os analistas mantiveram a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2,05% para 2024. Há duas semanas, ela havia caído de 2,09% para o atual nível. A perspectiva do PIB deu uma arrancada por cerca de dez semanas seguidas. Há pouco mais de um mês, ela estava em 1,85%. Até fevereiro, permaneceu estável em 1,60%.
Dólar acalmou
Os analistas consultados pelo BC também não elevaram a projeção do dólar para 2024, que permaneceu em R$ 5,05. Na semana passada, contudo, a moeda americana sofreu ligeira alta, passando de R$ 5,04 para o atual valor. Antes desse acréscimo, a estimativa vinha sendo mantida em R$ 5,00.
Relatório Focus
O Relatório Focus resume as expectativas de mercado coletadas até a sexta-feira anterior à sua divulgação. Ele é divulgado às segundas-feiras pelo Banco Central e traz a evolução semanal das projeções para índices de preços, atividade econômica, câmbio, taxa Selic, entre outros indicadores. As projeções são do mercado, não do BC.
Metrópoles