Polícia investiga seita da família da ex-sinhazinha do Boi Garantido

Segundo apuração da Polícia Civil, o irmão de Djidja Cardoso acreditava ser Jesus Cristo, enquanto a mãe, Cleusimar, seria Maria e a vítima seria Maria Madalena

Foto Reprodução

A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) descobriu que a mãe e o irmão da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, lideravam uma seita religiosa, denominada Pai, Mãe, Vida. Segundo o inquérito, Ademar Cardoso, irmão de Djidja, era o líder da seita e acreditava ser Jesus, enquanto a mãe, Cleusimar, seria Maria. Djidja Cardoso, que morreu nesta terça-feira (28), seria Maria Madalena. Os detalhes sobre o caso foram revelados em entrevista com o delegado Cícero Túlio, responsável pela investigação, no começo da tarde desta sexta-feira (31/5).

Quatro integrantes da seita, presos em operação realizada ontem (30/5), eram responsáveis por fornecer e distribuir a substância ketamina, além de incentivar e promover o uso da droga de forma recreativa. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão.

Além das prisões, os animais que estavam sob os cuidados de Djidja e da família dela foram apreendidos por suspeita de serem drogados. A ex-sinhazinha tinha duas cobras de estimação.

A seita usava como base o livro Cartas para Cristo. Eles acreditavam que o uso das drogas com meditação “faria o ser humano adquirir o autoconhecimento”. A polícia acrescentou que os envolvidos já estavam sendo investigados, pois haviam denúncias por parte de outros funcionários do Belle Femme, rede de salões da família.

Parte da família de Djidja acusa a mãe e o irmão de negar atendimento médico à ex-sinhazinha. Os dois são apontados pelos familiares como possíveis responsáveis por fornecer drogas para ela.

Operação Mandrágora
As investigações sobre a seita começaram há aproximadamente 40 dias, tendo sido identificado que o grupo coletava a droga ketamina (cetamina), em clínicas veterinárias e realizava a distribuição do fármaco entre funcionários da rede de salões de beleza.

Nesta sexta-feira, os investigadores realizaram a Operação Mandrágora no salão de beleza Belle Femme, localizado no bairro Vieira Alves, apreendendo dezenas de anestésicos para cavalo e tranquilizantes.

Também houve busca e apreensão na clínica MaxVet, localizada no bairro da Redenção, na zona centro-oeste de Manaus. O estabelecimento veterinário é acusado de vender a substância ketamina, que provocou a morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso.

A polícia também confirmou que Ademar, que acreditava ser Jesus, é acusado dos crimes de estupro e aborto sem consentimento da gestante.

A organização é investigada pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, perigo para saúde ou para a vida de outrem; falsificação, corrupção e adulteração de produtos destinados para fins terapêuticos e medicinais; aborto provocado sem consentimento da gestante; estupro de vulnerável; charlatanismo; curandeirismo; sequestro; cárcere privado e constrangimento ilegal.

Na quinta-feira (30) foram presos cinco integrantes da seita:

– Ademar Farias Cardoso Neto, irmão de Djidja Cardoso
– Cleusimar Cardoso Rodrigues, mãe de Djidja
– Verônica da Costa Seixas, gerente do salão
– Marlisson Vasconcelos Dantas, cabeleireiro
– Claudiele Santos da Silva, maquiadora do salão de beleza Belle Femme

Boi Garantido
O Boi Garantido é um dos dois bois folclóricos que competem anualmente no Festival Folclórico de Parintins. A empresária interpretava Sinhazinha da Fazenda, personagem filha do dono da propriedade, que representa parte da história do espetáculo do boi. Djidja interpretou o papel de 2015 a 2020, quando foi atuar no salão com a família.

“As cores hoje já não brilham tanto, a sombrinha já não gira mais no ar, os sorrisos momentaneamente tornam-se em lágrimas, a galera vermelha e branca chora com sua repentina partida”, escreveu o Boi Garantido no Instagram. “Agora é hora de descansar, hora daquele adeus. Que Nossa Senhora do Carmo te receba e console o coração de sua mãe, Cleusimar Cardoso da Silva e de seus familiares, amigos e torcedores encarnados do Boi do Povão.”

Correio Braziliense

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