A Polícia Federal (PF) tentou ouvir duas pessoas que moram nos Estados Unidos sobre um caso envolvendo Jair Bolsonaro. Conseguiu coletar o depoimento de um deles e levou um “olé” do segundo. Trata-se do já conhecido inquérito das joias, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes no STF.
Os procurados pela PF foram Ricardo Camarinha, médico de Bolsonaro, e Paulo Figueiredo, ex-comentarista da Jovem Pan. Economista de formação, Figueiredo é formalmente investigado em outro inquérito que apura o envolvimento de políticos e ativistas em tentativa de golpe. O comunicador foi desligado da Jovem Pan dias após as depredações do 8 de Janeiro e de o Ministério Público Federal abrir uma investigação mirando a emissora.
A PF acionou o FBI para que a polícia norte-americana, via cooperação internacional, ouvisse Figueiredo. Um integrante do FBI entrou em contato com o comunicador e perguntou se ele aceitaria depor. Ao ser questionado sobre se o depoimento seria na condição de investigado ou testemunha, o policial norte-americano informou que somente faria as perguntas e repassaria as respostas à Polícia Federal brasileira, e que não tinha mais detalhes, uma vez que o caso não é investigado nos Estados Unidos.
Figueiredo respondeu que só aceitará depor se, antes, receber uma carta rogatória com informações sobre o inquérito e a sua condição como depoente. A carta rogatória é um instrumento jurídico usado na comunicação entre as Justiças de países diferentes.
Hipótese
Nessa terça-feira (7/5), Paulo Figueiredo foi ouvido pela Câmara dos Estados Unidos em audiência que teve como tema “Brasil: uma crise da democracia, da liberdade e do Estado de Direito”. Na sessão, criticou decisões proferidas por Alexandre de Moraes.
Já Ricardo Camarinha, ao ser acionado pelo FBI, aceitou falar no inquérito que apura a suposta apropriação, por Bolsonaro e aliados, de joias que pertencem ao acervo da Presidência da República. A PF apura se o cardiologista foi funcionário fantasma, por dez meses, quando ocupou cargo na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), vinculada ao Ministério da Indústria, Comércio e Serviços.
Na época, a Apex era comandada pelo general Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid, o filho, firmou um acordo de colaboração premiada com a PF e o STF.
A investigação chegou até a Apex porque uma das hipóteses aventadas pela Polícia Federal é que a estrutura da agência nos EUA tenha sido usada para ocultar e vender joias. A defesa de Bolsonaro nega qualquer irregularidade.
Atualmente, o ex-presidente está internado no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, com um quadro de erisipela.
Metrópoles