O Ministério da Saúde lançou, nesta segunda-feira (8), uma plataforma de integração do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio da telessaúde para diminuir a fila de atendimentos. O anúncio foi feito pela ministra, Nísia Trindade, e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
Na oportunidade, o petista aproveitou para fazer acenos à chefe da pasta, que tem enfrentado críticas do Centrão e de membros do próprio governo. Após ter dado uma bronca em Nísia no mês passado durante reunião ministerial, Lula defendeu “o jeito manso” dela falar.
Ao lado da ministra, ele disse que até podem existir pessoas que não gostem da chefe da pasta da Saúde, mas que, ainda assim, Nísia passa credibilidade em tudo o que fala.
“Outro dia, numa reunião dos ministérios, eu disse para Nísia que ela tinha que falar grosso na questão da Saúde. Tava aquele problema dos hospitais do Rio de Janeiro. E a Nísia respondeu pra mim o seguinte: ‘Presidente, eu não posso falar grosso, porque eu sou mulher, eu falo manso’ (…)”, disse Lula.
“A Nísia, falando manso do jeito que ela falou, eu posso até achar que as pessoas podem não gostar dela, mas eu duvido que tenha alguém que não acredite em cada palavra que ela fala. Não apenas pelo fato de ser mulher, mas também, porque seu jeito delicado de falar, sem rompante, sem tentar passar entusiasmo para além do que é necessário, você consegue falar com a alma e com a consciência das pessoas”, completou.
Na reunião ministerial do dia 18 de março, Nísia chegou a se emocionar ao fazer um desabafo sobre essa pressão que sofre fora e dentro do governo. Naquela ocasião, o petista chegou a elogiá-la, mas ainda assim fez cobranças quanto à condução da pasta que ela comanda diante da epidemia de Dengue no Brasil e a situação dos hospitais federais no Rio de Janeiro.
O chefe do Executivo federal disse ainda para ela reagir diante das críticas. Em meio a essa crise de imagem do Ministério da Saúde, Lula escalou seu ex-marqueteiro de campanha, Sidônio Palmeira, para uma reunião com Nísia Trindade. Eles se encontraram na semana passada.
Durante solenidade no Palácio do Planalto, Nísia Trindade convidou a imprensa para fazer um balanço da gestão e anunciar a ampliação do acesso da população a mais especialistas na área da saúde por meio do aplicativo SUS Digital e do telessaúde no atendimento primário.
Em um esforço de mudar a maneira de se comunicar e passar imagem de mais carismática, Nísia criou a figura da “Dona Rosa” em seu discurso, como sendo uma mulher que precisa de atendimento médico e procura o posto de saúde.
Ao fim do evento, ela lembrou também da reunião ministerial do dia 18 de março, quando Lula deu bronca nos auxiliares, e aproveitou para agradecer o apoio dos ministros Paulo Pimenta (Comunicação Social) e Miriam Belchior (secretária-executiva da Casa Civil). Ela disse que, por mais que Lula tenha dito que ela fala “sem muito entusiasmo”, o que a deixa “empolgada” é o trabalho diário a frente da condução do Ministério da Saúde.
SUS terá atendimento primário com telessaúde
A ministra da Saúde anunciou que o Sistema Único de Saúde (SUS) vai oferecer consulta em telessaúde para o atendimento primário dos pacientes. Dessa forma, mesmo que uma unidade de saúde, por exemplo, não tenha o especialista, a pessoa será atendida remotamente por um profissional da área de necessidade dela dentro de um posto de saúde.
“Não vamos acabar com as filas, se trata de reduzir o tempo de espera. O que muda é que o atendimento é centrado nas necessidades do paciente, e não nos serviços isolados”, afirmou Nísia Trindade.
A medida faz parte do programa “Mais Acesso a Especialistas”, que visa reduzir a fila de espera no atendimento no SUS. O atendimento remoto é apenas uma das frentes da ação.
O objetivo do Ministério da Saúde é ampliar a oferta de atendimento, entre elas a telessaúde, sistema de prestação de serviços de saúde a distância, realizados com a ajuda das tecnologias da informação e de comunicação
Segundo o Ministério da Saúde, o programa vai concentrar a atenção no paciente e suas necessidades, reduzindo a quantidade de lugares que ele precisa ir e integrando exames, consultas e acompanhamento da saúde durante o processo. “As Equipes de Saúde da Família, nas Unidades Básicas de Saúde, perto da casa das pessoas, terão o cadastro de pacientes revisado, para que atendam com qualidade”, diz nota do governo federal.
Para que isso tudo seja possível, a ministra destacou a importância da rede integrada de dados de saúde dos pacientes. “O SUS é um sistema universal que entregou cidadania para todos os brasileiros. Ainda assim, todo esse sistema precisava de integralidade, de cada momento de vida das pessoas. Ele não pode ser fragmentado, ele tem que ser integrado”, concluiu.
O Tempo