A programação da emissora TC, da cidade de Guayaquil, foi interrompida pelo grupo, que usava capuz e estava armado.
A equipe foi forçada a se deitar no chão antes da transmissão ao vivo ser interrompida.
Depois, a polícia equatoriana afirmou no X (antigo Twitter) que a equipe de profissionais foi retirada do estúdio de TV. Mais tarde, informou que vários suspeitos foram presos.
Em resposta à ação e outros ataques que acontecem desde domingo (7/1), o presidente do Equador, Daniel Noboa Azin, assinou um decreto no qual declara um “conflito armado interno” contra diversas gangues que atuam no país.
Um estado de emergência de 60 dias começou no Equador na segunda-feira (8/1), depois que o líder de uma gangue condenado, José Macías “Fito”, desapareceu de sua cela na prisão.
“Identifiquei os seguintes grupos do crime organizado transnacional como organizações terroristas e atores beligerantes não estatais: Águilas, ÁguilasKiller, Ak47, Caballeros Oscuros, ChoneKiller, Choneros, Covicheros, Cuartel de las Feas, Cubanos, Fatales, Gangster, Kater Piler, Lagartos, Latin Kings, Lobos, Los p.27, Los Tiburones, Mafia 18, Mafia Trébol, Patrones, R7, Tiguerones”, disse o presidente.
“Ordenei às Forças Armadas que realizassem operações militares para neutralizar estes grupos”, acrescentou.
A declaração de conflito interno ocorre um dia depois de o próprio Noboa ter decretado estado de emergência por 60 dias em todo o Equador devido à grave crise carcerária e de segurança que o país enfrenta.
Nas horas seguintes à declaração do estado de emergência, ocorreram vários ataques com explosivos em todo o país e foi relatado o sequestro de vários policiais.
Noboa, que assumiu o poder em novembro com a promessa de devolver a segurança aos equatorianos, disse na segunda-feira através das redes sociais: “Não vamos negociar com terroristas”.
“Esses grupos narcoterroristas pretendem nos intimidar e acreditam que cederemos às suas exigências. Dei disposições claras e precisas aos comandantes militares e policiais para intervirem no controle das prisões”, disse o presidente.
A declaração do estado de emergência na segunda-feira foi precedida pelo anúncio do presidente de uma mobilização de pelo menos 3.000 membros da polícia e das Forças Armadas para tentar recapturar Adolfo Macías, o “Fito”.
Ele, que é chefe da gangue Los Choneros, desapareceu de uma prisão de segurança máxima no domingo (7/1).
Cerca de 40 outros presos, incluindo outro traficante condenado, fugiram de outra prisão na cidade de Riobamba na madrugada de terça-feira.
Ainda não está claro se o ataque à rede de TV está relacionado com a fuga da prisão, mas é um exemplo da deterioração da situação de segurança no país.
Fito foi condenado a 34 anos de prisão em 2011, mas desde então tornou-se um dos protagonistas da violência relatada nas prisões do Equador.
Segundo o jornal equatoriano Expreso, quando Fito soube que as gangues rivais de Los Lobos e Los Tiguerones haviam planejado um ataque contra ele, o criminoso organizou o que é até hoje o incidente prisional mais violento já registrado: a morte de 79 presos em diferentes prisões do país em 2021.
O secretário de comunicação do governo Noboa, Roberto Izurieta, garantiu que o governo planejava transferir Macías para um presídio de segurança máxima e que a fuga ocorreu porque alguém alertou o preso sobre o plano.
Desde que o estado de emergência foi declarado, pelo menos sete policiais foram sequestrados por membros de gangues.
Crise penitenciária
Governos anteriores do Equador também declararam estado de emergência visando resolver a crise do sistema penitenciário, mas sem sucesso.
Em agosto de 2023, o então presidente Guillermo Lasso ordenou a transferência de Macías para o Centro Penitenciário La Roca, medida que foi revertida algumas semanas depois por um juiz.
O plano de segurança de Noboa inclui a criação de uma nova unidade de inteligência, armas táticas para aplicação da lei e segurança e um plano para manter temporariamente prisioneiros perigosos em navios-prisão.
Desde 2021, mais de 400 mortes foram registradas nas prisões do Equador devido a confrontos entre facções rivais.
BBC News Brasil