Morte em blitz: motorista nega ter desobedecido militares e afirma não ter conseguido frear carro, diz Polícia Civil do DF

Raimundo Cleófas Alves Aristides Júnior afirmou que foi em bar para entregar dinheiro que jovem morto havia pedido emprestado. Defesa de motorista diz que busca um habeas corpus

Foto: Correio Braziliense

Raimundo Cleófas Alves Aristides Júnior, de 41 anos, prestou depoimento à Polícia Civil nesta segunda-feira (30). Ele dirigia a BMW que furou duas blitzes da Polícia Militar na madrugada de domingo (29), no Eixo Monumental, em Brasília.

O carro foi alvejado pelos militares. Os disparos atingiram Islan da Cruz Nogueira, de 24 anos, que estava no banco do passageiro e morreu na hora (veja detalhes abaixo). A PMDF disse que abriu procedimento apuratório no Departamento de Controle e Correição.

Aos policiais, ele negou ter bebido, desobedecido às ordens dos militares e furado as blitzes. Raimundo Cleófas disse ainda que o pedal do acelerador do carro travou e, por isso, o veículo começou a andar. Ele não teria conseguido frear o carro, segundo o relato.

Raimundo afirmou que foi encontrar Islan em um bar para entregar um dinheiro que ele havia pedido emprestado e que estava indo levar a vítima para casa quando chegou na blitz. As informações foram confirmadas ao g1 pelo delegado responsável pelo caso, João de Ataliba Neto.

A defesa de Raimundo Cleófas disse que busca um habeas corpus para o cliente e que ele “foi recebido com exaltação pela PMDF, momento em que ao tirar o pé do acelerador, o veículo se movimentou, bem como diversos disparos foram efetuados e nesse momento por desespero acelerou”.

Ainda de acordo com o depoimento prestado à Polícia Civil, o homem afirmou que, após ouvir o primeiro disparo feito pelos policiais militares, se desesperou e saiu com o carro. Raimundo disse que não lembra se o carro quebrou ou se parou por vontade própria.

O motorista disse aos policiais que lembra apenas que acordou já fora do carro, apanhando de policiais militares. Ele declara ter levado tapas na cara, socos na costela e uma pisada na cabeça. O g1 questionou a PM sobre as agressões, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Nesta segunda-feira, Raimundo Cleófas teve a prisão convertida para preventiva. Segundo a decisão da Justiça, o motorista faz “uso de medicamentos para tratamento de estresse, mas não se recorda dos nomes”. Por isso, ele foi encaminhado para atendimento na UBS 1, na Asa Sul, para atendimento médico.

O motorista é formado em administração e está concluindo uma graduação em engenharia. Ele tem uma empresa e administra outra que está em nome da esposa, ambas na área de construção civil.

Segundo ocorrência registrada na Polícia Civil, a equipe da PMDF disse que realizava uma “Operação Álcool Zero” perto de bares, e que o motorista saiu da fila de abordagem e acelerou, atingindo um policial militar.

Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, os militares “realizaram disparos contra os pneus do veículo, na tentativa de imobilizá-lo, mas o veículo conseguiu ultrapassar a barreira e chegar ao próximo ponto de contenção; neste ponto, novos disparos teriam sido realizados pelos policiais ali posicionados, mas o veículo teria conseguido escapar”.

Ainda segundo a corporação, o motorista apresentava evidentes sinais de embriaguez e se recusou a fazer o teste de alcoolemia. A embriaguez foi constatada após exame no Instituto Médico Legal (IML).

Os PMs emitiram um auto de constatação, e o motorista foi conduzido para a delegacia, onde foi autuado por embriaguez ao volante e tentativa de homicídio contra um agente de segurança.

O tenente que teria sido atingido no joelho pelo carro, na fuga da blitz, não teve o nome divulgado. Ele foi atendido no Hospital de Base e liberado logo em seguida.

G1

Últimas notícias