DF: ‘povo palestino sofre o que tem de mais cruel na história da humanidade’

Manifestação em apoio à Palestina foi realizada em frente ao Museu Nacional da República

Foto: O Globo

“O povo palestino sofre com o que tem de mais cruel na história da humanidade. Não existe nada pior que isso”, declarou Marcos Sayd Tenório, vice-presidente do Instituto Brasil Palestina (Ibraspal), na manifestação em solidariedade à Palestina nesta terça-feira (10), em Brasília.

Atendendo a um chamado da Ibraspal, partidos políticos, movimentos sociais e representantes da comunidade palestina do Distrito Federal, estiveram presentes no ato, realizado em frente ao Museu Nacional a partir das 17h.

Por volta das 18h20, uma pessoa passou pelos manifestantes fazendo declarações pró-Israel. Em resposta, gritaram: “viva a luta do povo palestino, Estado de Israel é um Estado assassino”.

Durante a manifestação, Marcos Sayd disse que a “mídia ocidental”, dependente de agências internacionais de notícias, “vem desde sábado num esforço gigantesco de tentar enfraquecer e isolar a resistência palestina atribuindo a eles a condição de bárbaros e terroristas”.

No sábado, 7 de outubro, mais um episódio do genocídio contra o povo palestino foi registrado, depois que as forças armadas israelenses realizaram um bombardeio contra a Faixa de Gaza.

O ataque foi feito horas após uma ofensiva do Hamas, uma organização política palestina que governa Gaza, contra o estado sionista, que teria deixado 40 mortos.

A ação do Hamas é considerada uma uma resposta aos mais de 75 anos de violência e provocação contra o povo árabe. Em agosto deste ano, antes da nova escalada de tensão na região, a Organização das Nações Unidas já havia considerado que a situação de violência na região era a mais grave desde 2005.

Naquele momento, mais de 200 palestinos e cerca de 30 israelenses haviam sido mortos em manifestações, confrontos, operações militares, ataques e outros incidentes.

Em 2021, a ONU também chegou a apontar que o custo estimado da perda para a Palestina, devido a medidas israelenses, era de 57,7 bilhões de dólares, mais de três vezes o valor do PIB de 2019 do território palestino ocupado.

A entidade também constatou que o custo mínimo para eliminar a pobreza na Cisjordânia aumentou seis vezes entre 1998 e 2007, de 73 milhões de dólares para 428 milhões.

Comunidade palestina do DF

Neta de palestinos, Maynara Nafe é secretária de juventude da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) e defende que o povo brasileiro precisa entender que a ação do Hamas não se trata de um ataque, mas sim de uma reação.

“É preciso que a gente compreenda que o povo palestino tá sofrendo há muitos e muitos anos e que nós temos direito garantido de reação, direito garantido a autodefesa”, observou.

Para ela, este é o momento da história da Palestina que mais depende e necessita de solidariedade internacional. A manifestação, nas redes sociais, pressionando parlamentares, indo às ruas, diz a jovem, é o papel mais importante que a população pode exercer.

“Estamos num momento muito complicado, sem perspectivas de resolução sozinhos. Um momento da nossa história em que a gente mais do que nunca depende da solidariedade internacional para que as ações de massacre ao povo palestino sejam minimizadas, travadas, enfim, para que o nosso direito à vida seja respeitado”, explicou Maynara.

Khaled Nasser, representante da comunidade palestina no Distrito Federal, é nascido na Palestina e conta que foi preso pelo exército israelense em 1982 quando tinha 19 anos. Em Ramala, ficou detido por 17 dias até ser deportado. Neste mesmo local, diz ele, alguns colegas ficaram 30 anos na prisão.

Após 14 anos morando no Brasil, ele foi naturalizado e conseguiu voltar ao seu território de origem para visitar a família. Mesmo com o passaporte brasileiro, Khaled foi detido no aeroporto de Tel Aviv, onde, segundo o representante palesitno, teve que responder uma série de questionamentos às autoridades israelenses.

“Eu estou muito confiante de que um dia nossa Palestina vai ser libertada e nós vamos criar um Estado laico que respeite todo mundo. Sem diferença nenhuma entre religiões. Esse é o nosso desejo, e vamos lutar até o fim para conseguir”, declarou Khaled, hoje aos 60 anos.

Governo Lula

Pedro Batista, membro do Comitê Antiimperialista Abreu e Lima, criticou o tom moderado do Governo Lula frente aos ataques na Palestina. Para ele, Lula precisa defender a criação de um Estado Palestino além de denunciar e combater o “atos terroristas de Israel”.

Em nota no domingo, 8 de outubro, o Itamaraty reiterou o “compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas”.

No domingo à noite, a cúpula do Senado Federal, na Praça dos Três Poderes, foi iluminada com a projeção da bandeira de Israel, a pedido do presidente da Comissão de Constituição e Justiça, senador Davi Alcolumbre (União-AP), que é de família judia. Maynara Nafe lamentou o ocorrido.

“Para nossa comunidade palestina é muito complicado ver estampada na cúpula do Senado, do país que nos acolhe, a bandeira do país que impetra um Estado de apartheid contra nós”, disse.

Brasil de Fato

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